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Ecoturismo indígena e valorização do patrimônio na região do Alto Rio Negro

Ivani Ferreira de Faria/Bolsista da FAPEAM
Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Doutoranda DEGEO/USP
ivigeo@ufam.edu.br

 

Introdução

Nos últimos anos tornou-se freqüente por parte de agências de turismo a solicitação de entrada de turistas, junto a FOIRN e FUNAI, em Terra indígena na região do rio Negro/AM, que vem sendo negadas pela ausência de discussão sobre a temática e, por conseguinte, pelo desconhecimento sobre as terminologias turísticas, muitas vezes compreendidas de forma distorcida. Embora haja a proibição oficial, existe de forma clandestina um tipo de turismo que por sua vez inclui em seu roteiro algumas comunidades indígenas ou atrativos em terras indígenas como a Serra da Bela Adormecida, Serra de Cabari, Pico da Neblina sem nenhum estudo/planejamento ou princípios para nortear a prática do ecoturismo em terra indígena, ou seja, ecoturismo indígena, se assim desejarem tais comunidades.

Em condições sócioambientais desfavoráveis, os povos indígenas do rio negro, vêm resistindo e necessitam de novas tecnologias sociais e econômicas para sobreviverem. Nesse contexto emerge o ecoturismo , como uma alternativa econômica viável, mas também como um instrumento de conservação ambiental e valorização cultural, pois é a diversidade cultural - a riqueza do patrimônio cultural com seus saberes e fazeres expressos na pluralidade lingüística e étnica e na geografia mítica - desses povos, um dos principais atrativos para o ecoturista desde que planejado por meio da gestão participativa e comunitária das comunidades envolvidas.

O respeito e cuidados em relação aos valores socioculturais, e o grau de envolvimento com a sociedade envolvente devem ser observados e ressaltados no planejamento dessa modalidade turística de modo a não permitir a descaracterização, mercantilização da cultura e a desterritorialização dos povos indígenas.

Este trabalho pretende contribuir para uma discussão teórica a priori sobre as terminologias turismo de natureza e cultural e suas modalidades como ecoturismo, ecoturismo indígena, etnoturismo, turismo indígena e turismo étnico e demonstrar ações que vem sendo desenvolvidas (Oficina Yaneretama, projeto Yassu Yaconhenceri Yané Tawa e Umukamé-sara) visando à conscientização das comunidades indígenas sobre o ecoturismo, resultado de nossa vivência como pesquisadora com os povos indígenas do Alto Rio Negro nestes últimos 11 anos e de nossa pesquisa de doutorado em curso junto ao Programa de Pós-graduação em Geografia Física na Universidade de São Paulo.

 

1 - (Eco) turismo indígena uma alternativa sustentável a ser considerada

 

A ausência de clareza na concepção de terminologias como turismo de natureza e turismo cultural, turismo indígena, etnoturismo, turismo étnico e ecoturismo indígena dificultam o planejamento da atividade junto a comunidades indígenas.

Didaticamente, distinguimos o turismo sob duas perspectivas utilizando como aportes teóricos os conceitos de patrimônio natural e cultural e de paisagem natural e artificial. Assim definimos o turismo de natureza e cultural.

Entendemos como Turismo de Natureza, o tipo de turismo que utiliza como atrativos os recursos ou o patrimônio natural como: rios, fauna, flora, montanhas, vales etc. Pode ser subdividido em: Turismo Ecológico, definido como o turismo que utiliza o patrimônio natural a ser admirado e com vistas à educação ambiental, sem priorizar o envolvimento da comunidade local e Ecoturismo, definido como o turismo planejado que promove a interação entre natureza e comunidade com vistas a uma utilização sustentável e conservacionista do patrimônio natural e cultural, proporcionando melhoria na qualidade de vida da população envolvida sem causar impactos negativos à sua territorialidade (Faria, 2000).

Ecoturismo geralmente é confundido com turismo de natureza, turismo ecológico ou qualquer atividade turística que utiliza o patrimônio natural como atrativo como, por exemplo, atividades desenvolvidas por hotéis de selva ou na selva.

Para ser ecoturismo alguns princípios básicos devem ser considerados:

•  O Atrativo ecoturístico deve envolver o patrimônio natural e cultural;

•  Utilização sustentável e conservacionista dos atrativos;

•  Envolvimento da comunidade (planejamento e gestão participativa e comunitária das atividades ecoturísticas);

•  Forma ideal de funcionamento em pequenos grupos respeitando a capacidade de carga e de suporte;

•  Valorização (formação e capacitação) dos recursos humanos locais;

•  Conservação e valorização das atividades tradicionais do lugar;

•  Respeito a identidade cultural e territorial do lugar.

A priori faz-se necessário definir o turismo cultural, etnoturismo e étnico para compreendermos melhor o turismo indígena.

Tudo o que é feito pelo homem constitui o patrimônio cultural e/ou a paisagem artificial, portanto o Turismo Cultural é aquele que tem como objetivo conhecer os bens materiais e imateriais produzidos pelo homem. Pode ser dividido em Histórico, gastronômico, folclórico, Etnoturismo (indígena e étnico) religioso, esportivo etc.

Etnoturismo é um tipo de turismo cultural que utiliza com atrativo a identidade, a cultura de um determinado grupo étnico (japoneses, alemães, ciganos, indígenas etc,). O turismo indígena e o étnico podem ser um dos tipos do etnoturismo.

O turismo cultural se definiria "em termos de situações em que o papel da cultura e contextual, [...] está para moldar a experiência do turista de uma situação em geral, sem um foco particular sobre a singularidade de uma identidade cultural especifica" (WOOD, 1984, p.361).

O Turismo étnico é definido por Swain (ibid.) como o "tipo de turismo que se refere ao marketing das atrações turísticas inspiradas no modo de vida indígena", enquanto para Wood (ibid.) "Turismo étnico poderia ser definido pelo seu foco direto sobre pessoas vivendo uma identidade cultural cuja singularidade esta sendo comprada por turistas".

Nas definições de Swain e Wood, o ponto comum esta na mercantilização da cultura e da identidade, sendo que a primeira sugere que só ocorreria com sociedades indígenas e a segunda em diversas manifestações de identidades étnicas. Na nossa concepção, o turismo étnico é inspirado na diversidade étnica dos povos com suas identidades especificas, sendo desenvolvido não exclusivamente por eles, fato que justificaria em parte, o caráter mais comercial da atividade.

Este fato acaba por banalizar a cultura, transformando-a em produto de massa e mercantilizando a própria pessoa do ser étnico. No turismo étnico, o nativo não esta simplesmente lá para servir as necessidades do turista; esta ele mesmo "em exposição", um espetáculo vivo a ser recrutado, fotografado (VAN DEN BERGHE, 1984, p.345).

Ainda na opinião de Van Den Berghe o "turismo étnico representa a última onda de expansão do capitalismo explorador para a mais remota periferia do sistema mundial [...]. Povos do Quarto Mundo que foram primeiro repelidos para regiões de refugio - as 'reservas nativas' dos colonizados - estão agora sendo 'redescobertos' como um recurso turístico (VAN DEN BERGHE, 1994, p.10) - e é justamente dessa forma que índios sob "extrema marginalização" se tornaram "uma atração turística primordial para afluentes viajantes do Primeiro Mundo em busca do outro primitivo, autêntico" (VAN DEN BERGHE, 1995, p.571).

No turismo étnico realizado sob a inspiração da cultura indígena, por grupos da sociedade envolvente, o povo indígena representado deverá ter a participação no processo de gestão ou no recebimento de royalties (ao respectivo povo), pois se trata de um patrimônio cultural de propriedade coletiva que estará sendo usado. Para isso, as organizações indígenas com o apoio da FUNAI, deverão registrar devidamente seu patrimônio cultural material e imaterial em cartório.

O turismo indígena, como o nome sugere, é o turismo desenvolvido nas terras indígenas ou fora delas com base na identidade cultural e no controle da gestão pelo grupo/comunidade indígena envolvida. Dessa forma, não concordamos com Swain (1989) que define turismo indígena como "tipo de turismo que teria suas bases na terra e na identidade cultural do grupo, controlado por ele", especificamente no que se refere " teria suas bases na terra" pelo fato de que muitos povos indígenas não querem essa atividade dentro de suas terras, mas querem divulgar suas culturas como valorização da identidade e algum ganho econômico, porém sem mercantilizá-la, fora da terra indígena.

O fato de povos e grupos indígenas praticarem atividades turísticas fora de suas terras não desqualifica o tipo de turismo e nem os valores culturais ou sua identidade, pois a cultura e a identidade permanecem com eles. Pode ser realizado nos núcleos populacionais de modo que não afete negativamente a cultura dos povos e comunidades envolvidas por meio de várias estratégias que deverão ser pensadas e planejadas junto com a comunidade, técnicos, entidades indígenas, indigenistas e ambientalistas.

Denominamos ecoturismo indígena o ecoturismo praticado dentro das terras indígenas através do planejamento/gestão participativa e comunitária respeitando os valores sociais, culturais e ambientais dos diferentes povos envolvidos onde a comunidade é a principal beneficiada.

Assim, o ecoturismo é a modalidade turística mais adequada a ser desenvolvida nas terras indígenas, tendo em vista o planejamento e gestão participativa e comunitária dos grupos/comunidade indígena envolvida, que promova a interação entre natureza e comunidade com vistas a uma utilização sustentável e conservacionista do patrimônio natural e cultural indígena proporcionado melhoria na qualidade de vida dessas comunidades sem causar impactos negativos à sua territorialidade (FARIA, 2000).

Não descartamos que o turismo indígena ou ainda na modalidade do ecoturismo indígena tenha seu lado comercial. A diferença esta na essência, na finalidade e contexto em que são planejados e desenvolvidos. Isto nos leva a refletir como uma atividade da sociedade ocidental, com este lado comercial e capitalista poderá ser inserida e apropriada pelas comunidades indígenas sem que percam o respeito como ser étnico, enquanto uma comunidade afirmando seus valores culturais sem corroer o caráter do individuo étnico causando uma confusão de identidade freqüente na era do capitalismo pós-moderno, com a sociedade em rede e de economia flexível que afeta todos os aspectos da vida cotidiana da nossa época.

2 - Yauara Akanga

A Expressão significa em Nheengatu, Cabeça do Cachorro, denominação dada pelos militares à região do Alto rio Negro pela semelhança no mapa com uma cabeça de cachorro.

No contexto brasileiro por sua riqueza natural e cultural a Amazônia, e em particular o Alto Rio Negro, emerge como uma das regiões prioritárias para a conservação de recursos naturais e a construção de modelos de desenvolvimento capazes de valorizar e proteger a base natural, resgatar e preservar o patrimônio cultural e assegurar benefícios às populações locais.

Para os povos indígenas, a primeira condição para a sobrevivência física e cultural e a demarcação de suas terras. No Alto Rio Negro, a luta pela reconquista da Terra durou 498 anos, desde a chegada dos colonizadores nesse território. A luta jurídica teve inicio em 1970, e só foi concluída em 1998 com a homologação e regularização da Terra Indígena do Alto Rio Negro, por meio dos esforços da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro), conjuntamente com a COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e ONG`s indigenistas e ambientalistas (FARIA, 2003).

A demarcação de Terras é a primeira condição de sobrevivência, mas para os povos indígenas do século XXI, só isto não basta. Mesmo após a demarcação de suas terras e vivendo em condições socioambientais desfavoráveis (solo arenoso, rios de águas pretas com elevada acidez que acarreta na baixa piscosidade, ausência de postos de saúde, e alternativas econômicas) os povos indígenas do Alto Rio Negro vêm resistindo e necessitam de novas tecnologias sociais e econômicas para sobreviverem.

Assim de acordo com Santos apud Faria (2003, p.99,103):

"Eu acho que a tradição e a cultura não podem ser vistas como uma coisa parada. Elas evoluem".

" A terra contínua é a única condição que os povos indígenas têm de não deixar a história correr para aquilo que no caso, Hélio Jaguaribe quer: que a questão indígena se resuma em ter um pedaço de terra definido (grifo nosso). As pressões vêm, as invasões vêm. Você fica ali encurralado, não tem opção. Aí você vai se entregar e integrar. Ao passo que se você tiver o território, você tem inúmeras possibilidades de construir seu universo, o seu mundo. Com as relações que você quiser construir com qualquer que seja a outra sociedade".

O município de São Gabriel da Cachoeira é integrante do Pólo de ecoturismo do Amazonas e pode ser considerados o município mais indígena do Estado com 95% da população pertencente a quatro famílias lingüísticas Tukano, Aruak, Maku e Yanomami onde já existe de forma imprópria (clandestina) um tipo de turismo que por sua vez inclui em seu roteiro algumas comunidades indígenas ou atrativos em terras indígenas como a Serra da Bela Adormecida (Curicuriari), Serra de Cabari, Pico da Neblina e na cidade como no Morro da Fortaleza, Serra de Boa Esperança, praias e balneários sem nenhum estudo/planejamento o que pode promover vários problemas de ordem ambiental e cultural devido ao desconhecimento e despreparo da população sobre esta prática social que é o turismo.

Não consideramos estas atividades como sendo ecoturismo e nem mesmo turismo ecológico. No máximo poderiam ser entendidas como turismo de natureza uma vez que o atrativo é a paisagem natural.

Não existem no município, atrativos turísticos organizados que envolvam os povos e a cultura do lugar. No mais, os turistas quando chegam se deparam com um município totalmente indígena vão até a sede da FOIRN onde funciona uma pequena loja de artesanatos e alguns livros sobre a cultura e a organização desses povos.

Mesmo a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente parece desconsiderar esse potencial para o turismo indígena ou qualquer tipo de turismo, pois todos os planejamentos, poucos existentes, estão voltados exclusivamente para o Festribal, festa anual que apresenta de forma folclórica os povos indígenas da região representados por agremiações. A cidade e as políticas públicas existentes negam por completo a identidade indígena do lugar.

Iniciativas particulares de algumas agências, intituladas por eles como turismo de aventura com escalada para o Pico da Neblina, o Morro dos Seis Lagos e roteiros com trilhas fluviais ao longo dos rios de água preta como o Negro e Uaupés eram realizadas com certa freqüência até o fechamento pelo Ministério Público Federal do Parque Nacional do Pico da Neblina no final de 2002, após denuncia da entrada de turistas dentro da Terra Yanomami.

Ressaltamos que o Parque Nacional do Pico da Neblina é área de sobreposição com a Terra Indígena Yanomami e encontra-se fechado até o momento.

Apesar de fazer parte do Pólo de Ecoturismo, a população ou a comunidade em geral em nenhum momento foi convidada a participar de discussões ou preparada para participar do Programa de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (PROECOTUR) e não tem conhecimento sobre os problemas e conseqüências que um turismo mal planejado pode acarretar ou ainda a importância que essa atividade pode ter na conservação do patrimônio ambiental e cultural e como o ecoturismo pode ser uma atividade de desenvolvimento sustentável que pode melhorar sua condição de vida desde que seja organizado por meio do planejamento participativo e comunitário com base nos princípios do etnodesenvolvimento.

Nos últimos dois anos tornou-se freqüente por parte de agências de turismo a solicitação de entrada de turistas na terra indígena junto a FOIRN e FUNAI em São Gabriel da Cachoeira, que vem sendo negada por não terem nenhuma discussão acumulada sobre a temática.

Pesquisa realizada por Faria sobre a percepção da comunidade de São Gabriel da Cachoeira sobre o Turismo revela que a comunidade entende que o ecoturismo é uma alternativa de renda, porém, desconhecem por completo tanto os danos quanto os benefícios econômicos, sociais, culturais e ambientais que essa atividade poderá causar. Entretanto, reivindicam sua participação no planejamento e na gestão do Ecoturismo para a região uma vez que 95% dos seus habitantes são indígenas e consideram que o sucesso do mesmo está ligado ao seu envolvimento em todas as etapas do processo.

Diante disso, a FOIRN (Federação das Organizações indígenas do Rio Negro) com nossa assessoria, organizou a oficina Yaneretama: sustentabilidade e ecoturismo indígena com participação das lideranças do Conselho diretor da FOIRN bem como de suas associações filiadas que resultou na proposta da realização de oficinas nas comunidades para elaboração de diagnostico/levantamento do potencial e das diretrizes e princípios para o ecoturismo na região. E paralelamente, após discussões com alunos do curso de Especialização Turismo e Gestão Territorial e comunidade, elaboramos alguns projetos como Yassú Yaconhecere Yané Tawa, Umukamé-sara: guia de ecoturismo indígena para a região do Rio Negro e para dar uma resposta aos anseios da FOIRN, o Umukamé-sara: planejamento participativo e ecoturismo indígena a ser desenvolvido nas comunidades conforme resultado da Oficina Yaneretama em 2005.

O ecoturismo indígena, ou seja, ecoturismo praticado dentro de terras indígenas, surge como alternativa econômica viável com possibilidade de gerar benefícios diretos e indiretos para as comunidades envolvidas, mas também como um instrumento de valorização cultural, pois é a diversidade cultural desses povos, são os principais atrativos para o ecoturista, desde que sejam definidas juntamente com suas entidades representativas (organizações e associações indígenas) as diretrizes, estratégias bem como o tipo de turismo que se pretende, diante.do imenso potencial cultural e natural que o município apresenta.

2.1 -Yaneretama : sustentabilidade e ecoturismo indígena

Oficialmente no Brasil, não existe regulamentação, políticas e diretrizes que possam nortear a prática do Ecoturismo Indígena. O que existe é apenas uma cartilha produzida pelo MMA em 1997 que fornece alguns subsídios e orientações sobre a atividade de forma geral sem levar em consideração a identidade territorial e cultural de cada povo e lugar.

Assim, a oficina Yaneretama realizada no período de 16 a 18 de junho de 2004, contou com a presença de 25 associações filiadas a FOIRN, partiu da necessidade de discutir e esclarecer as lideranças/conselheiros das associações que compõem a FOIRN bem como comunidades indígenas à priori sobre os problemas advindos do turismo clandestino que vem sendo desenvolvido na Terra Indígena do Alto Rio Negro e na Terra dos Yanomami (Maturacá) que é área de sobreposição com o Parque Nacional do Pico da Neblina, e a posteriori sobre o que é o turismo/ecoturismo e os impactos dele advindo, bem como as formas de inserção destas na atividade, de maneira a permitir que decidam em relação ao turismo de forma clara e consciente.

Por se tratar de uma oficina de formação que teve como objetivo o esclarecimento e conscientização das lideranças indígenas que compõem a FOIRN, o plano de trabalho foi desenvolvido em diferentes momentos.

No primeiro momento, foi realizado um diagnóstico sobre o que as lideranças e comunidades/Associações que representam pensam a respeito do turismo, suas dúvidas, problemas que já estão ocorrendo.

Os participantes foram divididos em 6 grupos por região: Alto Uaupés e Papuri, Baixo Uaupés e Tiquié, Alto Rio Negro e Xié, Baixo Rio Negro e afluentes, calha do Içana e afluentes e Cidade onde se contou com a colaboração dos especialistas em Turismo e Gestão Territorial "facilitadores" que coordenaram as discussões com base em per guntas pré-formuladas e apresentação dos resultados pelas equipes.

No segundo momento, exposição por parte de instituições ligadas ao turismo e a questão indígena com debate e questionamentos por parte das lideranças indígena após a nossa apresentação sobre as bases teóricas, conceituais e metodológicas referentes ao turismo e ecoturismo indígena que utilizou o material didático de apoio denominado Umukamê-sara: guia de ecoturismo indígena para o rio Negro, como proposta para futuras oficinas nas escolas e comunidades.

No terceiro momento, houve discussão e apresentação dos grupos sobre as considerações sobre o ecoturismo indígena e a oficina.

Vale ressaltar que a proposta preliminar do material didático foi elaborada pelos especialistas em turismo e Gestão Territorial sob nossa orientação e coordenação que foi complementado pelas duvidas e perguntas elaborados pelas lideranças indígenas durante a oficina.

A equipe de especialistas em Turismo e Gestão Territorial, na sua maioria é natural de São Gabriel da Cachoeira, muitos indígenas, f ormados pelo Curso de Especialização oferecido pelo Departamento de Geografia da UFAM com diferentes formações acadêmicas como Filosofia, Geografia, Biologia, Psicologia, Ciências Sociais e Educação Física, conhecedores da realidade do lugar.

Resultados alcançados:

•  Conscientização parcial das lideranças das associações sobre as vantagens, riscos, desvantagens e desafios para o desenvolvimento do ecoturismo indígena com emissão de algumas considerações sobre os princípios e diretrizes para nortear esta atividade na região;

•  Análise do material didático de apoio para as oficinas, com introdução de novos conhecimentos e conceitos que serão traduzidos nas três línguas co-oficializadas (Nheengatu, Tukano e Baniwa) e o Yanomami.

Ressaltamos que as cópias do material didático de apoio concedido pela Amazonastur, somente chegou uma semana após o término da oficina, fato que não prejudicou a realização da mesma, porque as cópias foram providenciadas nas vésperas pela FOIRN. No entanto, esse fato gerou um certo desconforto pela equipe organizadora que contava com esse material, considerado de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades.

•  Elaboração do cronograma para ampliação do conhecimento sobre a temática junto às comunidades de base.

 

 

Considerações da FOIRN:

O resultado das discussões aponta que na sua maioria as lideranças indígenas reunidas nesta oficina, em principio reconhecem que o ecoturismo pode ser uma alternativa sustentável, são favoráveis a atividade desde que traga benefícios para as comunidades, mas necessitam de maiores informações sobre o assunto e mais esclarecimentos sobre o retorno, projetos de sustentabilidade, para que possam discutir primeiramente com as comunidades por meio das oficinas para depois posicioram-se oficialmente e definir princípios/diretrizes para o ecoturismo na região.

Há uma grande preocupação por parte da FOIRN no sentido de avaliar os impactos socioculturais e ambientais e buscar uma solução e regulamentação para as atividades turísticas que vem sendo realizadas em terras ainda não demarcadas no município de Santa Izabel e Barcelos que são habitadas por diversos povos indígenas do Rio Negro.

2.2 -Umukamé-sara: guia de ecoturismo indígena para a região do Rio Negro

A construção do guia partiu da necessidade de se ter um material didático de fácil compreensão e acesso pelas comunidades indígenas que pudesse subsidiar no processo de educação ecoturística da região. e de apoiar as oficinas de esclarecimento e conscientização nas comunidades da região do Rio negro.

Visa expandir o conhecimento sobre turismo, ecoturismo indígena, diretrizes e princípios que deverão nortear um possível planejamento ecoturístico na região, e informar as comunidades indígenas sobre os impactos e conseqüências das operações ecoturísticas que vem ocorrendo informalmente e sem controle dentro das terras indígenas e prepara-las para discutir o desenvolvimento dessa atividade de forma participativa, comunitária com base no respeito da cultura dos povos indígenas envolvidos, na conservação do patrimônio cultural e natural e na identidade cultural e territorial do Lugar.

O guia é formado por um conjunto de perguntas com temas e conceitos que visam esclarecer as duvidas sobre as vantagens, desvantagens do ecoturismo e informar sobre os conceitos básicos para se desenvolver esta atividade em terra indígena fornecendo subsídios para a elaboração de princípios e diretrizes para o ecoturismo indígena na região.

Esta sendo elaborado em etapas: a primeira, discutida preliminarmente com especialistas em Turismo e Gestão Territorial residentes em São Gabriel da Cachoeira , muitos deles indígenas com graduação em diversas áreas do conhecimento como Geografia, Ciências Sociais, Biologia, Educação Física, Pedagogia, Filosofia, Psicologia etc, formados pela Universidade Federal do Amazonas e membros do Grupo de Pesquisa e Estudos Planejamento e Gestão do Território na Amazônia/UFAM/CNPq, que se inspirou no Manual Indígena de Ecoturismo, publicado pelo GTC Amazônia em 1997 e nas contribuições da nossa tese de doutorado que versa sobre o Turismo indígena na região; a segunda foi realizada durante a oficina Yaneretama, com discussões com as lideranças indígenas que compõem as Associações filiadas a FOIRN; a terceira, em desenvolvimento, consiste na ilustração do guia a ser realizada pelos alunos das escolas Dom João Marchese e São Gabriel e a quarta, a elaboração do guia nas três línguas co-oficiais Tukano, Baniwa, Nheengatu e dentro das possibilidades em Yanomami contando com a colaboração do lingüista Dr.Gilvan Muller de Oliveira/UFSC/IPOL.

2.3 - Yassú Yaconhecere Yané Tawa: educação ambiental e para o ecoturismo em São Gabriel da Cachoeira

 

São Gabriel da Cachoeira é um município com aproximadamente 45.000 habitantes e cerca de 15.000 habitam a sede do município atualmente (Prefeitura Municipal, 2004). Com o êxodo das Terras Indígenas a procura de oportunidades de escolarização e de trabalho, a cidade está inchando e os problemas ambientais urbanos estão se tornando visíveis. Problemas como poluição por esgoto sanitário e lixo nos igarapés e rios, nas parias e nas vias públicas, elevada concentração de cachorros soltos nas ruas e praias e a falta de saneamento básico vêm promovendo a incidência de doenças como dengue, malária, verminoses etc na população.

Objetivo geral : promover a educação ambiental, patrimonial e conhecimentos sobre ecoturismo com base nos princípios do etnodesenvolvimento nas escolas Dom João Marchese no município de São Gabriel da Cachoeira.

Objetivos específicos:

Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância da conservação e valorização do patrimônio natural e cultural; Conscientizar o aluno sobre os impactos positivos e negativos do ecoturismo na sua comunidade, no Brasil e no mundo; Preparar o jovem para atuar como agente de conscientização e divulgação da conservação ambiental e do ecoturismo junto à população; Transformar professores e lideranças comunitárias em agentes multiplicadores junto à comunidade local.

Diante disso, o programa visa discutir e promover a educação ambiental e conhecimentos sobre o ecoturismo, através da pesquisa teórica e prática de campo possibilitando a conservação e valorização do patrimônio ambiental e cultural por meio de oficinas, visitas monitoradas ao patrimônio ambiental e cultural, elaboração de trilhas interpretativas, construção de mapas e croquis dos atrativos e roteiros ecoturísticos. Será desenvolvido em duas etapas, a primeira nas escolas com professores e alunos e a segunda na comunidade (inicialmente com as lideranças comunitárias e de associações e posteriormente com a comunidade em geral, a ser apresentado posteriormente), onde se trabalhará com dois eixos temáticos básicos compreendendo teoria e prática; valorização cultural e ecoturismo e conservação ambiental e ecoturismo.

Temas que serão abordados nos eixos temáticos: Valorização cultural e ecoturismo - conservação ambiental ecoturismo cultura; cultura indígena do Alto Rio negro; patrimônio natural e cultural material e imaterial; fundamentos teóricos do turismo (tipo de turismo, turista/ecoturista, infraestrutura turística e ecoturística) código de ética do turismo, ecoturismo indígena vantagens e desvantagens, relação entre patrimônio e atrativo ecoturístico cultural e natural em São Gabriel da Cachoeira; conceitos de meio ambiente; caracterização dos problemas ambientais urbanos locais e globais (poluição dos igarapés e rios, lixo nas ruas e praias, animais nas praias, doenças decorrentes da falta de saneamento básico); código de postura do município, habitações em áreas de risco, UC´s e conservação do patrimônio natural, interpretação do patrimônio e trilhas interpretativas.

O programa também prevê a elaboração de material didático (manual/cartilha) construído coletivamente para auxiliar na segunda etapa com a comunidade, valorizando e usando as línguas indígenas e a cultura local e ações de políticas públicas que deverão contribuir para seu êxito como limpeza de vias públicas, arborização e ajardinamento, disposição de lixeiras, destino de animais abandonados, aterro sanitário e etc.

Contará com a parceria da FOIRN, IBAMA, Secretaria municipal de Saúde, Secretaria de Turismo, Meio Ambiente e Cutlura, e Distrito Sanitário Indígena e assessoria técnica do Grupo de pesquisa e Estudos: planejamento e gestão do território na Amazônia da UFAM/CNPq.

Participantes: alunos do ensino fundamental (5ª a 8ª série) e ensino médio; professores de Geografia, Ciências, Biologia, língua portuguesa e artes do ensino médio e fundamental; comunidades, associações de bairros e pais. Vale ressaltar que grande parte dos professores é especialista em Turismo e Gestão Territorial.

2.4 - Umukamé-sara: planejamento participativo e ecoturismo indígena

 

Esse projeto nasceu da necessidade de expandir o conhecimento e conscientizar as comunidades sobre turismo, ecoturismo indígena, diretrizes e princípios que deverão nortear um possível planejamento ecoturístico na região, resultantes da Oficina Yaneratama: sustentabilidade e Ecoturismo Indígena, realizada pela FOIRN em junho/2004. Consiste na realização de oficinas de capacitação em 2005 onde todo o processo de execução será acompanhando por membros da diretoria da FOIRN e lideranças das comunidades envolvidas onde a metodologia e aportes teóricos utilizados fazem parte da nossa pesquisa de doutorado junto ao Programa de Pós-graduação em geografia Fissica da Universidade de São Paulo.

Objetivos específicos:

  • Diagnosticar o pensamento da comunidade sobre turismo: temores, desafios e perspectivas;
  • Levantar o potencial ecoturístico da comunidade;
  • Elaborar coletivamente princípios, critérios e diretrizes para o ecoturismo indígena na região do Rio Negro por meio do planejamento participativo e comunitário;
  • Elaborar coletivamente material didático especifico sobre ecoturismo indígena na região.
  • Subsidiar a construção de um projeto piloto de ecoturismo em Terras Indígenas na região.

O projeto é de abrangência local e será desenvolvido para atender as comunidades indígenas da região do Rio Negro (Balaio, Maturacá, Iauareté, Pari-Cachoeira, Taracuá, Assunção do Içana, Tunui Cachoeira, Foz do Içana, São Jorge, Escola Indígena Pamáali, Cué-cué, Santa Izabel e Barcelos) utilizando exemplos específicos da realidade sociocultural e territorial do lugar com duração de 7 meses.

A metodologia é participativa através de dinâmica de grupo, utilizando perguntas pré-elaboradas para alcançar os três primeiros objetivos. O 4º objetivo será desenvolvido gradualmente ao longo do trabalho por meio da exposição e compreensão dos temas pelos grupos organizados com a construção do material didático de acordo com a linguagem e língua especifica de cada comunidade.

Todo o trabalho será acompanhado por um facilitador indígena especialista em turismo e gestão do território que fala a língua da comunidade que orientarão e estimularão o pronunciamento dos participantes. Caso não haja nenhum especialista falante haverá o acompanhamento de um tradutor. Utilizar-se à técnica da escuta sensível e da mediação para não direcionar os resultados da oficina.

Esta metodologia visa promover o engajamento das lideranças indígenas representantes das associações que compõem a FOIRN, alunos e professores das escolas indígenas e contará com o auxilio de material didático pré-elaborado Umukamé-sara: guia de ecoturismo indígena.

Resultados esperados:

  • Conscientização das comunidades sobre as vantagens, riscos, desvantagens e desafios para o desenvolvimento do turismo indígena;
  • Subsídios para elaboração de um projeto piloto de ecoturismo indígena através do planejamento participativo, comunitário e interpretação do patrimônio.
  • Subsídios para a regulamentação por meio de diretrizes e princípios definidos pelas comunidades indígenas da atividade ecoturística em terra indígena;
  • Difusão o conhecimento científico e conhecimento tradicional indígena;
  • Valorização e estimulo do uso das línguas indígenas nos materiais didáticos produzidos;

•  Valorização e capacitação dos recursos humanos indígenas locais.

Considerações Finais

O conjunto de ações e reflexões sobre o ecoturismo na região do Rio Negro parte da preocupação em preparar as comunidades indígenas citadinas ou não para que possam através do processo de educação ambiental, patrimonial e para o ecoturismo de serem capazes de planejar, gerir projetos de sustentabilidade seja o ecoturismo ou outro, de reconquistarem a autonomia sobre suas vidas e sobre suas terras perdidas desde a colonização.

Como já é histórico na Amazônia, os projeto são pensados de forma exógena, com um olhar de fora, de acordo com a visão e a vontade política de técnicos e dirigentes de instituições públicas sem participação dos atores sociais envolvidos diretamente. Um tipo de turismo voltado ao mercado internacional e excludente impera na Amazônia e na maioria dos municípios que compõem o pólo de ecoturismo do estado do Amazonas, onde a comunidade nunca é chamada para participar do processo de planejamento e gestão das atividades.

No nosso entendimento planejamento participativo consiste em pesquisa-ação, uma metodologia de construção conjunta e contínua que reúne vários atores sociais envolvidos diretamente nos projetos que se quer desenvolver. Significa construir junto, permitindo a formação e capacitação dos atores considerados como sujeitos protagonistas do processo histórico. Nesta proposta não me refiro à idéia de comunitarismo de Sennett (2004), enfatizando que a unidade (união, coletivismo) é uma falsa fonte de força de uma comunidade gerada pelo capitalismo atual.

O planejamento e a gestão participativa e comunitária significa antes de tudo respeito à organização sóciopolitica comunitária milenar dos povos indígenas, a identidade cultural e territorial do lugar, uma vez que são os maiores conhecedores do seu patrimônio natural e cultural que está em seus territórios.

O Turismo indígena e/ou o ecoturismo indígena desenvolvido com os princípios do etnodesenvolvimento será uma práxis quando houver a construção de uma política pública sobre o tema de forma participativa e comunitária pelos principais envolvidos, os povos indígenas, respeitando suas culturas e de acordo com os princípios e diretrizes elaboradas por eles e para eles, sem causar impactos negativos a sua territorialidade.

 

 

Bibliografia:

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