49 Congreso Internacional del Americanistas (ICA)

Quito Ecuador

7-11 julio 1997

 

Liane Maria Bertucci

49º CONGRESSO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS QUITO - EQUADOR - 1997

SESION GENERAL - PROBLEMAS URBANOS E DE SAÚDE NO BRASIL SECCIÓN - MEDICINA Y SALUD

TÍTULO DO TRABALHO :

PRÁTICAS DE CURANDEIROS E CHARLATÕES EM PERÍODOS DE EPIDEMIAS

Liane Maria Bertucci

Doutoranda em História na Universidade Estadual de Campinas (Brasil)

RESUMO : O texto aborda aspectos dos impasses do saber médico na época de duas doenças epidêmicas - febre amarela (no final do século XIX) e gripe espanhola (em 1918), nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e, principalmente, Campinas (interior do estado de São Paulo). Curandeiros e charlatões atuando na sociedade nestes períodos de epidemia e seu contato e confronto com o conhecimento científico estabelecido (ele próprio marcado por divisões), assim como as práticas populares de cura, são temas de análise do trabalho Práticas de curandeiros e charlatões em períodos de epidemias

No livro Registro Histórico da Real Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campinas, publicado em 1966, há um pequeno capítulo dedicado a epidemia de gripe espanhola naquela cidade do estado de São Paulo. No capítulo uma frase destaca-se, por sintetizar o impacto causado nos campineiros por duas das doenças que mais temor despertaram na população da cidade:

Entre nós reviveu-se |com a gripe espanhola/| a época dramática das passadas epidemias de febre amarela (1)

A frase, que poderia aplicar-se a mais de uma cidade do Brasil, faz o paralelo entre as duas doenças epidêmicas que assemelharam-se pelo pânico que causaram na população, pelo grande número de vítimas que fizeram e pela descrença na ciência médica que, de várias formas, motivaram.

A febre amarela representou, entre as enfermidades endêmicas no estado de São Paulo, a que de maneira mais visível primeiro mobilizou atenções nitidamente apreensivas quanto ao futuro econômico do Estado.(2) A necessidade de braços para a lavoura cafeeira e para as nascentes indústrias, ainda no século XIX ,bem como o medo de sua propagação descontrolada nas cidades, cada vez mais mais povoadas e com estreita e incômoda distância a separar classes sociais diversas, estão no cerne de medidas governamentais para aglutinar e ordenar ações tendentes a debelar esta doença. Em Campinas, chamada de capital agrícola do estado e de rival declarada |da cidade| São Paulo, a febre amarela fez tantas vítimas e arruinou de forma tão absoluta a economia local que ruas e avenidas da cidade homenageiam (mais de 100 anos depois do último surto da doença) pessoas que, de alguma forma, atuaram para minorar o sofrimento dos campineiros na época da grande epidemia de febre amarela de 1889, e do brasão da cidade ainda hoje ostentar a figura lendária da Phenix egípcia, como símbolo da localidade renascida após a epidemia daquele ano. Mas não foi só Campinas que durante os últimos anos do século XIX foi aterrorizada pela presença constante da febre amarela. (3)

Em crônica datada de 26 de janeiro de 1889, o escritor Machado de Assis nos oferece o retrato instantâneo da população da cidade do Rio de Janeiro. Poucas palavras organizadas de forma hábil compõem esse texto, que de forma sutil aborda os rumos que a questão da saúde estava tomando na capital do Império nesse ano epidêmico.(4)

"Com efeito, não se fala de outra coisa. Tudo quer, tudo pede, tudo deseja a saúde, ou pelo menos, a ausência da febre amarela. Esta velha dama, que estabeleceu aqui um pied-à-terre, não se esquece de nós inteiramente; há anos em que traz toda a criadagem, e estabelece-se por uma estação e mais. Não é bonita nem graciosa, nem se sabe quem seja, conforme dizem os abalizados." (5)

O grito por socorro dos habitantes da cidade, que ecoava sem resposta, e que Machado de Assis retrata nestas linhas, é uma tradução da perplexidade e do medo que atingiam todos os habitantes dos lugares onde a febre amarela irrompia.

Em crônica de 30 de março de 1889, há menção de epidemia no porto paulista de Santos (6), certamente a epidemia de febre amarela que vitimou a cidade no início do ano e logo propagou-se pelo interior do estado de São Paulo, favorecida sobremaneira pelo crescimento e mobilidade populacional.

Mas, entre as localidades paulistas, foi em Campinas que a febre amarela mais vítimas fez. Na cidade as primeiras pessoas que haviam contraido a doença sucumbiram em meados de fevereiro e a febre amarela alastrou-se instantaneamente fazendo com que sua população, cujo número era de aproximadamente 40.000 pessoas, emigrasse maciçamente. A capital do estado -- São Paulo, com população estimada em 60.000 habitantes passou para 70.000 graças ao êxodo de campineiros, cuja saída da cidade, com destino variado, chegou a 450 seres humanos por dia no período mais agudo da doença ( a Companhia Paulista de Estrada de Ferro chegou a fornecer passagem grátis para São Paulo, no final de abril, para aqueles que quisessem evadir-se da área infectada). Campinas ficou povoada apenas por cerca de 3.000 habitantes nos piores dias da epidemia, quando pessoas morriam nas ruas e eram enterradas em valas comuns ( a média de falecimentos foi de 30 por dia). Chegando a faltar medicamentos -- por não haver quem os manipulasse -- e comida .(7)

A cidade foi assim arruinada no primeiro semestre de 1889 pela doença cuja possibilidade de existência na localidade, devido a sua posição geográfica, provocara grande discussão entre médicos mais ou menos dez anos antes, quando algumas mortes ocorridas nas proximidades da estação férrea campineira foram apontadas, por alguns clínicos, como causadas pela febre amarela (controvérsia que ainda resistiu a epidemia de 1889 ).(8)

Com a cidade transformada em um grande hospital, a água foi repetidamente apontada como causa da epidemia. Problema anterior a 1889, a questão do abastecimento de água mereceu o seguinte comentário do dr. Luiz Pereira Barreto, enviado pelo Presidente da Província para dar um parecer sobre o estado sanitário de Campinas durante a epidemia:

"(...) de todos os comentários colhidos sobre as condições patogênicas da marcha da epidemia, uma conclusão se impõe, clara, nítida, irrefragável: é que a epidemia em Campinas é única e exclusivamente resultante das águas potáveis." (9)

Os campineiros conviveram com divergências entre médicos quanto a forma de combater a doença e com variadas medidas profiláticas: queima de alcatrão ou piche, sulfureto de carbono espalhado pelas ruas e várias poções. O próprio dr. Pereira Barreto recomendava:

"(...) a aplicação da água sulfo carbonada, naftalina e benzoato de soda e a resorcina, devendo-se se juntar cinco à seis colheres de água sulfo carbonada à uma garrafa cheia de água para se beber à vontade durante o dia, uma grama de naftalina em hóstia, pela manhã, outra ao meio dia e outra à noite. A resorcina seria de preferência reservada às crianças em virtude de seu sabor."(10)

Sem uma explicação quanto à sua forma de contágio, a partir do final de junho de 1889 a epidemia cessa; entretanto, em breve os moradores da cidade perceberam que se tratava de uma pausa, pois nos anos seguintes, ora com maior ora com menor intensidade, a febre amarela voltava a flagelar o local, sendo especialmente terrível nos anos de 1892 e 1896. (11)

A perenidade de surtos da doença, não só em Campinas, e a triste constatação de que "esta velha dama ... não é bonita, nem graciosa, nem se sabe quem seja , conforme dizem os abalizados " (12), como escreveu com sensibilidade Machado de Assis, fêz com que práticas variadas, que escapavam ao controle de uma medicina reconhecia como científica, aflorassem de maneira surpreendente.

A atuação dos curandeiros foi em geral aceita ou pelo menos tolerada na sociedade nacional e sua presença caminhou de forma paralela à definição de uma medicina oficial no Brasil.(13) Em Campinas, em meados do século XIX, chegou até a existir um curandeiro "oficialmente" reconhecido, que mereceu de um padre da localidade a seguinte declaração:

"Manoel Gomes da Graça, vivendo da arte da música bem como assistindo alguns enfêrmos e aplicando remédios de sua botica, há vinte anos, mais ou menos, aqui mora e tem se aplicado à arte da medicina pela falta que há de quem cure, tem uzado dessa ocupação com felicidade, e, ainda, mesmo neste tempo em que há dois professores de representação, seu nome vive chamado frequentemente, não só dentro da vila como dos sítios e Engenhos, atende com tôda exatidão e presteza e com especialidade aos pobres com tôda caridade e por ser também distinto o seu comportamento sendo que não há família das mais distintas desta Vila, que não faça dele entrada em sua casa (...)

(a) Manoel José Fernandes Pinto.

Presbítero Secular e Escrivão do Eclesiástico desta Comarca de São

Carlos [atual Campinas], em 7 de abril de 1830.(14)

A ação efetiva desses indivíduos, em diversas localidades brasileiras, aparece das formas mais variadas. Em crônica do dia 14 de junho de 1889 Machado de Assis transcreve trechos do Jornal do Comércio de 1841, onde é feito o seguinte comentário sobre um "medicamento":

"...eficaz remédio, que já restituiu a vista a muitas pessoas que a tinham perdido, acha-se em casa de seu autor, o Sr.Antonio Gomes, Rua dos Borbonos n.76."(15)

Entretanto, combatido em nome de um saber legítimo o curandeiro, identificado como pessoa ligada à fabricação de poções, benzeduras ou práticas "mágicas", será chamado frequentemente de charlatão ou seja um enganador ou explorador do povo. Todavia serão medidas muito mais ligadas a esse universo não oficial, que mesmo manipulado por aproveitadores é carregado de saberes populares, aquelas utilizadas pelos homens em vários momentos em que se vêem diante de um perigo para o qual não encontram solução, dentro das medidas proporcionadas pela ciência -- como no caso da febre amarela, no final do século XIX.

A proliferação de pessoas ligadas à práticas médicas pouco convencionais no Rio de Janeiro é muito grande neste período epidêmico. Machado de Assis dedica sua crônica de 29 de agosto de 1889 ao caso de um curandeiro de nome Tobias, cuja notícia de prisão havia sido publicada no dia anterior no jornal Diário de Notícias , com alguns detalhes sobre seus métodos de atuação:

"O curandeiro Tobias, de quem esta folha, como toda a imprensa, tanto tem tratado, é um desses indivíduos atrevidos, que nada poupam para alcançar os seus fins, isto é: - especular com os ... tolos.

O homem prometia tirar o demo do corpo dos ingênuos, e para isso dava-lhes tremendas sovas (o pândego !) com um chicote original : uma cauda de raia, cheia de umas tantas virtudes especiais. Os médicos da polícia, encarregados de proceder a exame nas drogas de que se servia Tobias para curar os seus consultantes, apresentaram o seguinte relatório:

"Recebemos da secretaria da polícia da corte, acompanhando o Ofício n.6206, um embrulho de ervas, duas garrafas e dois vidros, que foram encontrados em poder do curandeiro Tobias Figueira de Melo, que com esses ingredientes estava tratando a nacional Rosalina Maria da Conceição, a fim de proceder a análise e dar relatório para ser transmitido ao subdelegado da freguesia de Sant Anna.

O embrulho a que se refere o ofício, era de grandes dimensões, estava amarrado e continha:

"Um pacote de folhas de volanum insidusium, trata-se da família solanum, pesando 270 gramas. Um pacote de folhas de volanum argentium, pesando 70 gramas. Dois pedaços de raiz de milhomens (aristolochia appendiculata), pesando 50 gramas. Um fragmento de raiz de zingibre officinalis, pesando 40 gramas. Um embrulho com uma poção de resina de pinho e um resto de vela de cera. Um caramujo grande; um pé de galinha seco; dois breves, tendo dentro livros de Santa Bárbara; um outro, com pele de cobra; dois esporões de galo; 8 conchas envolvidas em pano encarnado; 4 rosários de contas, com medalhas; um polvarinho com pólvora; um chicote feito de cauda de raia (raja clavata) tendo 63 centímetros de comprimento e a extremidade, que servia de cabo, envolvida em pano, estando a outra já gasta, talvez pelo uso.

(...) Dos exames, tiramos a seguinte conclusão: entre objetos diversos, do uso do charlatão ignorante, há vegetais e preparados de plantas medicinais (alguns energéticos) que não podem ser administrados ou propinados por curandeiro, maximé para uso interno. Rio, 27 de agosto de 1889. Assinado: Dr.Antônio Maria Teixeira".(16)

Trazendo à memória o livro de Daniel Defoe, baseado no período da peste bubônica em Londres no século XVII, quando descreve a presença de adivinhos e curandeiros na época em que esta epidemia representava uma ameaça para a cidade (17), o período epidêmico é, assim, um tempo em que estes indivíduos atuam de maneira mais intensa na sociedade. Isto não será diferente no Brasil mesmo no século XX: em 1918 a gripe espanhola -- a influenza, desorganizou o sistema sanitário nacional, o que favoreceu práticas alternativas que visavam prevenir ou eliminar a doença.

Doença chancelada como "inclassificável", acarretando complicações variadas e graves, objeto de muitos estudos e poucas conclusões, a gripe espanhola que vitimara a tripulação de navios brasileiros em operação na Europa nesse período da Primeira Guerra Mundial (18), atingiu a população paulista com violência nos últimos meses de 1918, alterando drasticamente a vida das cidades que tiveram seus habitantes atacados pela doença. No Rio de Janeiro a "pandemia" atingiu mais de 2/3 da população, matando 12.830 pessoas em dois meses (outubro e novembro), paralisando a cidade e seus serviços, tornando ineficientes várias ações governamentais que tentavam combater a moléstia ou amenizar seus efeitos, o que gerou revolta na população.(19)

Na cidade de São Paulo, devido a gripe, ocorreu uma queda significativa no índice de crescimento vegetativo da população. O número de mortos foi superior a 5.000 pessoas e a influenza atingiu praticamente todas as cidades prósperas do Estado.(20) Em Campinas a primeira vítima da doença foi o estudante Rafael Eugênio, que apesar de cuidados intensivos de um médico local, dr.Barbosa de Barros, morreu após 8 dias de tratamento. A propagação da moléstia foi a princípio lenta, mas progressivamente aumentou o número de casos diariamente registrados, chegando a 316 casos novos em um só dia. O total de enfermos no município foi de 7.317 pessoas (até 15 de dezembro) e o total de indivíduos mortos foi 209, entre outubro e dezembro de 1918. (21)

Flagrando a situação de desorganização de órgãos ligados à saúde durante a gripe espanhola em São Paulo, artigo publicado na revista "independente" A Rolha em 3 de dezembro de 1918 afirma, sobre a ação da Cruz Vermelha no Brás:

"A epidemia está em pleno declínio. Já podemos, portanto, intervir com a nossa crítica (...) A falta de uma direção competente e inteligente, foi sem duvida o campo fértil para a proliferação do abuso, que prejudicou a eficiência de iniciativas em pról de uma população como a que constitue a "cidade industrial", o Brás /bairro operário de São Paulo/. As queixas que recebemos contra a Cruz Vermelha, foram uma a uma averiguadas. Todas eram procedentes. Só quem presenciou as cenas de que fomos espectadores, pode afirmar categoricamente que a população do Brás foi sacrificada pela inépcia dos "médicos" que, sem nenhum conhecimento do seu improvisado sacerdócio, andavam de cima para baixo, sem resultado positivo. (...)

Quando visitavam os doentes era uma lastima. O médico receitava da porta, sem ver o gripado. As enfermeiras prescreviam o modo de usar os remédios. E de rua em rua, sempre a mesma brincadeira. Enquanto a "gripe" se alastrava o namoro e o deboche [entre médicos e enfermeiras, com passeios de automóvel e fartas refeições onde se embriagavam] tomavam proporções assustadoras. (...)

E enquanto tudo isso se passava, pobre operario, aguardavam resignado a hora que chegasse o "médico" solicitado. Era a miséria em toda a sua nudez. As tantas ele chegava e, sob o estado de inconsciência, quando sabia receitar, errava na fórmula e quando era nescio, receitava porcarias, que se não matavam pioravam o estado do enfermo."(22)

Período excepcional que confirma problemas conjunturais, o tempo das epidemias privilegiará a fixação e reformulações de práticas médico-sanitárias dentro dos parâmetros dados pela ordem social vigente (revelando os limites das alterações que podiam ser implementadas nessa sociedade, limites dados pelo próprio tipo de organização social existente) mas, também mostrará com nitidez inigualavél a desorganização que pode tomar conta de todo um sistema de saúde justamente nas épocas em que ele é mais requisitado. A epidemia de gripe espanhola é exemplo singular desses casos, pois seu grau de virulência foi proporcional à desordem que causou em vários órgãos governamentais, ou com ligações com o Estado, que atuavam durante a doença, havendo inclusive notícias de pessoas que teriam sido levadas com vida para o cemitério:

"(...) Quantas vítimas não faleceram nos hospitais e casas particulares, e, após verificado o óbito, foram incontinente transportadas para os cemitérios, sem mais exame ? Quantos infelizes não sucumbiram só aparentemente, por fraqueza, e não foram /juntos/ aos cinco ou seis direitinho para a cova ou para a "valla" ? Haverá a quem pedirmos contas de toda essa série de crimes, já não se falando no contingente de asnos metamorfoseados em médicos, que matavam a vontade ? Há por certo.É possivel apontar os culpados. Não agora é claro. Vivemos ainda sob a tutela (...) da Censura |sob o estado de sítio| (...). Ha culpados pela calamidade.(...) O número [de pessoas enterradas ainda com vida] é enorme, deve ser mesmo enormíssimo." (23)

A lembrança de gente morrendo pelas ruas, de cadáveres sendo recolhidos em carroça e caminhões e enterrados em valas comuns, de voluntários fazendo serviços públicos (como condução de bonde, entrega de telegramas etc.), de assistência médica descontinua e ineficiente, bem como as recomendações para que se evitasse aglomerados, visitas a doentes de qualquer moléstia e contatos físicos como beijos, abraços e apertos de mão ( havia o conselho: "trocar toda roupa, desinfetar as mãos e banhar-se ao chegar da rua"), faz com que dos lugares quase paralisados, com seus habitantes indo para fazendas ou permanecendo isolados dentro de suas casas para tentar escapar da doença (24), seja refletida uma imagem em muito semelhante a do final do século XIX, época em que a febre amarela, sem meio de combate definido, devastava cidades como Campinas, o Rio de Janeiro e outras localidades.(25) Em Campinas o governo da cidade proibiu todo o tipo de reunião, suspendeu as aulas, fechou as casas de diversão (teatro, cinema, bar, clube) e instalou 14 postos especiais de atendimento aos doentes. Para coibir o abuso nos preços dos gêneros de primeira necessidade, a prefeitura campineira vendeu frangos e ovos a preços módigos em uma das dependências do Mercado Municipal e intensificou a fiscalização relativa a comercialização de outros produtos, sendo especialmente atenta quanto a ação dos chamados atravessadores (pessoas que compram do produtor para revender ao consumidor com grande lucro).(26)

Com recomendações para dieta leve e muito repouso diante de qualquer sintoma que pudesse indicar a presença da doença, tais como uma "sensação de mal-estar" ou "um espirro"(27), a luta contra a gripe espanhola, carente de eficácia na prevenção e cura da moléstia, fez aflorar práticas populares que indicavam o questionamento, pelo povo, da validade dos conhecimentos chamados "científicos" e tornavam particularmente propícias acusações às instituições ligadas à saúde.

O ano de 1918 foi um tempo de repetidas denúncias da citada revista A Rolha , contra pessoas que atuavam junto à população com promessas de cura, riqueza e felicidade.

A polêmica que envolveu este tipo de atividade neste período, havia sido tema da revista O Parafuso aproximadamente um ano antes da gripe espanhola fazer vítimas em São Paulo, quando artigo denuncia o curandeiro Vicente Rodrigues Vieira, chamado "São Vicente", de São Caetano (cidade próxima a capital do estado de São Paulo), que dizia ser "médico gratuito" que vivendo da caridade pública, curava "doenças incuráveis" , arranjava noivados, separava casais, juntava amantes, dava a felicidade e vaticinava catástrofes; entre outros feitos.(28)

Mesmo resultando em processo criminal, movido por este homem que dizia ler o Evangelho mas "não falar sobre o povo" (29), o ataque feito pelo O Parafuso ao tipo de atividade de Vicente Rodrigues Vieira prosseguirá e se estenderá, principalmente com A Rolha em 1918, a outras pessoas e até outras regiões do país. Uma gama variada de homens e mulheres com práticas diversas surgirá então, indicando a sobrevivência e a força de crendices populares, muitas vezes combinadas com saberes e usos mais modernos, do que resultará uma composição singular dos valores tradicionalmente aceitos pelo povo :

"Paschoal de Lucca, curandeiro numa cidade do interior (de São Paulo), foi processado por exercer ilegalmente a medicina e pronunciado. Defendera-se o explorador da credulidade dos tolos e imbecís alegando que não curava. Aplicava apenas massagens electricas " (30)

Machado de Assis descreve como a população carioca guiava-se pela "folhinha de Ayer" sobre as condições do tempo, além de citar várias vezes o uso de grande quantidade de remédios cuja manipulação e eficácia aparecem como, no mínimo, duvidosas.(31) Mas é a crônica que se refere a Tobias aquela que com maior transparência nos mostra como esse amálgama de saberes populares e da ciência médica está presente na sociedade, quando ao lado de chicote, contas, pé de galinha, nos aponta entre os pertences do curandeiro, a existência de ervas usadas cotidianamente pelos clínicos.

É sugestiva a forma como o cronista se refere a maneira de agir do curandeiro: "Tobias curava em línguas clássicas ..." .(32) Mesmo ironizando a forma como havia sido escrito o relatório da prisão deste charlatão, forma que acabava por conferir-lhe certa legitimidade ao relacionar as plantas que ele usava com seus nomes científicos e valor terapêutico, Machado de Assis nos induz a refletir sobre os contatos existentes entre leigos e cientistas, neste período em que a organização do próprio saber médico trilha caminhos que só se definirão com um pouco mais de clareza a partir da instauração da República.(33) É também muito interessante compararmos este comentário feito sobre Tobias e o início da crônica, em que afirma sua total aversão aos curandeiros escrevendo: "Quando adoeço ... é sempre de moléstias latinas ou gregas" .(34)

A forma como Machado de Assis descreve nesta crônica o nascimento da figura do médico, como herdeiro direto do curandeiro, pode parecer, também, apenas uma tentativa de separar as duas figuras, legitimando a do médico como a mais perfeita em uma escala evolutiva -- cita inclusive Darwin -- mas, sua narrativa nos convida a pensar na fragilidade e nas fissuras da ciência médica estabelecida:

"Eu tenho um sobrinho, estudante de Medicina, a quem digo sempre que o curandeiro é pai de Hipócrates, o curandeiro é avô do meu sobrinho; e descubro agora que vem a ser meu tio - fato que eu neguei a princípio [ao afirmar sua repugnância por curandeiros, no primeiro parágrafo do texto citado]". (35)

As incertezas quanto a esse conhecimento científico, que emergem notadamente em momentos epidêmicos de grande mortalidade (como os da febre amarela e gripe espanhola), aparecem na crônica de 26 de janeiro de 1889: "... quebram-me a cabeça com legislação científica, e misturam tudo com expressões arrepiadas ... Vou-me embora" (36); quando, mesmo apontando como o saber popular sobre a saúde estava desacreditado -- é a legislação científica que tem espaço social --, Machado de Assis nos indica os impasses existentes no interior deste saber através da frase: "... e misturam tudo com expressões arrepiadas " . Frase dúbia que pode indicar a existência de uma linguagem hermética que impede o acesso da população a um tipo de conhecimento, mas que pode também exprimir toda a confusão dentro deste mesmo saber, causada pela presença de algo incontrolável como a epidemia.

Mas a própria população, de forma direta, acintosa, denunciará estes impasses, por exemplo, ao continuar promovendo bailes, no Rio de Janeiro, apesar da febre amarela e de suas inúmeras vítimas.(37)

Os caminhos percorridos pela saúde na sociedade descrevem assim trajetórias sinuosas, percursos marcados por uma quantidade variada de possibilidades de combate à doença e preservação da sanidade física e mental dos homens. Neste caminhar um saber pouco a pouco acabará se impondo como o correto, com o concurso da população que, todavia em muitos momentos, apontará para a possibilidade do uso de conhecimentos alternativos na sua luta pela saúde e, desta maneira, para uma desqualificação do saber legitimamente firmado que não correspondeu à suas necessidades -- como nos anos de 1889 e 1918.

As epidemias são momentos privilegiados para percebermos tanto a organização do saber (poder) médico quanto as várias formas de contato (através de embates ou combinações) entre conhecimentos diferentes, que pretendem conservar ou devolver a saúde aos seres humanos.

NOTAS

(1) Registro Histórico da Real Sociedade Portuguesa de Beneficência (1873-1960). Campinas, Gráfica Saraiva, 1966, p.209.

Dados sobre a febre amarela e a gripe espanhola foram obtidos em: BERTUCCI, Liane Maria - Saúde: Arma Revolucionária Campinas, Publicações CMU/UNICAMP, 1997, capítulo I.

(2) Entre diversos textos, confira:

BLOUNT, John - A Administração da Saúde Pública no Estado de São Paulo: O Serviço Sanitário, 1892-1918. Revista de Administração de Empresas (Fund.Getúlio Vargas), Rio de Janeiro, t.12, v.4, pp.40-48, out./dez.1972.

COSTA, Nilson do R. - Lutas Urbanas e Controle Sanitário. Origens das Políticas de Saúde no Brasil Petrópolis, Vozes, 1985, pp.33-79.

MERHY, Emerson E. - O Capitalismo e a Saúde Pública Campinas, Papirus, 1985, p. 47-51.

STEPAN, Nancy - Gênese e Evolução da Ciência Brasileira. Oswaldo Cruz e a política de investigação científica e médica São Paulo, Artenova, 1976, pp.65-66 e 103.

(3) BRITO, Jolumá - História da Cidade de Campinas vol.22. Campinas, Gráfica Saraiva, 1966, pp. 15 e 40, entre muitas outras.

MORSE, Richard M. - Formação Histórica de São Paulo São Paulo, DIFEL, 1970, p. 248.

Entre outras: ruas Emílio Rivas e Costa Aguiar e avenidas Irmã Serafina e Ângelo Simões.

Confira o brasão da cidade em : MENDES, José de Castro - Retratos da Velha Campinas São Paulo, Gráfica da Prefeitura, 1951.

(4) MACHADO DE ASSIS - Bons Dias ! Crônicas (1888-1889) São Paulo/Campinas, HUCITEC/ Editora da UNICAMP, 1990.Crônica n. 32, 26 de janeiro de 1889.

Várias outras crônicas mencionam direta ou indiretamente a febre amarela, em demonstração clara da gravidade do problema, não só no Rio de Janeiro. Confira as Crônicas: n. 27, 25 de novembro de 1888, n 33, 31 de janeiro de 1889, n. 37, 27 de fevereiro de 1889, n.41, 30 de março de 1889 e, n. 49, 29 de agosto de 1889.

(5) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 32, 26 de janeiro de 1889, p. 154.

(6) Idem ibidem, Crônica n. 41, 30 de março de 1889.

(7) BRITO, Jolumá - Op. cit. 22 vol., pp. 43, 71-76, 126-171 e 23 vol., Campinas,Gráfica Saraiva, 1967, pp. 451 (entre outras) e 103-106.

(8) BRITO, Jolumá - História da Cidade de Campinas. 21 vol., Campinas,Gráfica Saraiva, 1966, pp.73-81, 157-167. Op. cit. 22 vol. pp. 8-9, 13-15, 100, 127, 139, 152. Op. cit. 23 vol. pp. 43-50, 56-57, 62.

(9) BRITO, Jolumá - Op. cit. 22 vol., p.157.

(10) BRITO, Jolumá - Op. cit. 22 vol., p.137.

(11) BRITO, Jolumá - Op. cit. 23 vol., pp. 29, 81-89, 98 e 102-106.

As epidemias de febre amarela acabaram depois de alguns anos de aplicação das medidas sanitárias iniciadas na cidade pelo dr. Emílio Ribas, a partir de 1896, e que visavam principalmente erradicar os locais de água estagnada. As práticas sanitárias empregadas por este médico-higienista foram usadas por Oswaldo Cruz como parte das medidas de saneamento da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX.

(12) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 32, 26 de janeiro de 1889, p. 154. Os grifos são meus.

(13) Entre outros:

SANTOS FILHO, Lycurgo - "Medicina no Período Imperial", in: HOLANDA, Sérgio Buarque de (org.) - História Geral da Civilização Brasileira . São Paulo, DIFEL, Tomo II (3): 467-486, 1967, pp. 483-484.

SINGER, Paul; CAMPOS, Oswaldo e OLIVEIRA, Elizabeth M. de - Prevenir e Curar : o controle social através dos serviços de saúde . 2.ed. Rio de Janeiro, Forense/Universitária, 1981, pp. 24-27 e 88-104.

STEPAN, Nancy - Op.cit., pp.36-59.

(14) BRITO, Jolumá - História da Cidade de Campinas . 20 vol. Campinas, Gráfica Saraiva, 1965, p.91.

(15) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 44, 14 de junho de 1889, p. 195.

(16) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 49, 29 de agosto de 1889, pp. 211 e 212.

(17) DEFOE, Daniel - Um Diário do Ano da Peste .Porto Alegre, L&PM Editores, 1987, p. 36 e ss.

(18) Annaes Sanitários . São Paulo, ano I, n.l, out. 1918, pp. 16 e 17.

(19) COSTA, Nilson do R. - Op. cit., pp. 86-93.

(20) Idem Ibidem, p. 93.

Cf.: MERHY, Emerson E. - Op. cit., pp. 83-84.

(21) Registro Histórico da Real Sociedade Portuguesa de Beneficência. Campinas, Saraiva, 1966, p.210.

MEYER, Carlos Luiz e TEIXEIRA, Joaquim Rabello - A Grippe Epidemica no Brazil e Especialmente em São Paulo .São Paulo, Casa Duprat, 1920, pp.179-187.

(22) "Ecos da "espanhola" - Os escandalos da Cruz Vermelha no Braz". A Rolha .São Paulo, ano I, n.38, 3-12-1918. p.13.

(23) "Um quasi enterrado vivo ...". A Rolha idem, pp. 3-5.

Cf.: DEFOE, Daniel - op. cit., pp. 91-92.

(24) AMERICANO, Jorge - São Paulo Neste Tempo (1915-1935) . São Paulo,Melhoramentos, 1960,pp.316-317.

BOSI, Ecléa - Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos . São Paulo, T.A.Queiróz Editor, 1979, pp. 55-56, 111-112, 176-177, 248-249 e 310-311.

(25) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 32, 26 de janeiro de 1889, pp. 154-155.

(26) Campinas, Câmara Municipal de - Relatório dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Campinas durante o exercício de 1918, apresentado a Câmara Municipal pelo Prefeito Dr. Heitor Penteado. Campinas, Typ. Livro Azul, 1919, p.17.

(27) AMERICANO, Jorge - Op. cit., p. 316.

(28) "Mais Um Processo Contra O Parafuso". O Parafuso . São Paulo, ano III, n. 71, 27-10-1917. p. 13. Revista "independente" como A Rolha .

(29) "Mais Um Processo - Até os Curandeiros processam "O Parafuso"". O Parafuso . São Paulo, ano III, n. 71..., p. 13 e n. 72, 3-11-1917. pp. 8-10.

(30) O Parafuso . São Paulo, ano III, n. 72, 3-11-1917, p.11. O grifo é meu.

Veja também: O Parafuso . São Paulo, ano V, n. 132, 18-2-1919, pp.11-12 e n.143, 6-5-1919, p. 16.

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(31) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 34, 6 de fevereiro de 1889.

Confira ainda: Crônica n. 19, 26 de agosto de 1888.

Sobre remédios: Crônicas n. 22 , 6 de outubro de 1888; n.44, 14 de junho de 1889 e n. 46, 3 de agosto de 1889

(32) Idem Ibidem, Crônica n. 49, 29 de agosto de 1889, p. 212.

(33) Sobre a instauração da República nessa sociedade que se industrializa, dando maior visibilidade e harmonia às iniciativas ligadas à medicina, veja: CUNHA, Maria Clementina P. - O Espelho do Mundo: Juquery, a história de um asilo . Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986, p. 35 e ss.

(34) Idem ibidem, p. 211.

(35) MACHADO DE ASSIS - Op. cit. Crônica n. 49, 29 de agosto de 1889, p. 213.

(36) Idem, Crônica n. 32, 26 de janeiro de 1889, p. 156.

(37) Idem ibidem, p. 155.

BIBLIOGRAFIA

DOCUMENTO OFICIAL E REVISTAS

CAMPINAS, CÂMARA MUNICIPAL DE. Relatório dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Campinas durante o exercício de 1918, apresentado à Câmara Municipal pelo Prefeitodr. Heitor Penteado Campinas, Typ. Livro Azul, 1919

A ROLHA - 1918

O PARAFUSO - 1917 e 1919

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