49 Congreso Internacional del Americanistas (ICA)

Quito Ecuador

7-11 julio 1997

 

Roberto Cortez, Ruth Cortez , Suzana Santos, Graça Santana

A DIFERENÇA: Diversidade Cultural Indígena na Amazônia

Autores:

Roberto Cortez (*)

Ruth Cortez (**)

Suzana Santos (**)

Graça Santana (**)

RESUMO

Exposião etnomuseológica representatativa de parte da cultura indígena na Amazônia, apresentando a diversidade cultural, com base numa amostra disponível das peças etnográficas do acervo científico da Reserva Técnica Curt Nimuendaju, da Área de Antropologia, do Departamento de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi, órgão do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, chamando a atenção para a importância de se refletir sobre A DIFERENÇA - que não deveria ser confundida com a DESIGUALDADE.

(*) Sociólogo e Antropólogo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi e professor da Universidade Federal do Pará - Brasil.

(**) Técnicas em Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi.

A DIFERENÇA: Diversidade Cultural Inídina na Amazônia

Roberto Cortez (*)

Ruth Cortez (**)

Suzana Santos (**)

Graça Santana (**)

Apresentação

(Roberto Cortez & Ruth Cortez)

O propósito desta Exposição temporária representatativa de parte da cultura indígena na Amazônia, alternativa mais antiga, possível e não menos legítima de existência na região, chamando a atenção para a importância de se refletir adequadamente sobre a DIFERENÇA - que não deveria ser confundida com a DESIGUALDADE - preservando-se a experiência da diversidade humana, bem como a necessidade de se garantir a existência dos povos indígenas, os primeiros habitantes do país, exemplo fantástico de diversidade humana, mas também os primeiros destituídos dos seus direitos fundamaentais, razão por que o resgate da dívida social no Brasil começaria com os indíos.

O tema proposto, baseado na necessidade da divulgação da importância e valor da DIVERSIDADE da cultura indígena, diz respeito, porém a uma única área, a Amazônia e somente em termos da produção de PEÇAS. E está sendo exposto em função, exclusivamente, da disponibilidade das peças etnográficas do acervo científico da Reserva Técnica Curt Nimuendaju, da Área de Antropologia, do DCH - Departamento de Ciências Humanas, do MPEG - Museu Paraense Emílio Goeldi, órgão do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil, dada a exiguidade do tempo para a sua preparação, a reduzida equipe disponível para tarefa de tamanha envergadura e compromissos inadiáveis impossibilitando, infelizmente que se recorresse a outras instituições possuídoras de acervos capazes de completar possíveis lacunas, inclusive coleções particulares.

A Amazônia, não é apenas BIODIVERSIDADE, como se costuma insistir. Mas, o que é tão importante quanto aquela, também DIVERSIDADE CULTURAL, no caso da nossa Exposição

(*) Sociólogo e Antropólogo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi e professor da Universidade Federal do Pará - Brasil.

(**) Técnicas em Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi.

A versão original é de 1992: a Apresentação é de autoria de Roberto e Ruth Cortez; a segunda parte, A DIFERENÇA, é de Roberto Cortez; e a última, a Descrição das Peças, redigida por Roberto Cortez, Ruth Cortez, Suzana Primo dos Santos e Graça Santana

DIVERSIDADE CULTURAL INDÍGENA - que não esgota força e a riqueza de toda a diversidade nesse nível, mas, sem dúvida, é a mais antiga na região e constitui a CIVILIZAÇÃO INDÍGINA NA AMAZÔNIA - e, se tivesse sido possível mostrar, ECO-DIVERSIDADE. Há, portanto, em termos de diversidade, três grandes TRADIÇÕES na Amazônia: a TRADIÇÃO DE BIO-DIVERSIDADE, a TRADIÇÃO DE DIVERSIDADE CULTURAL e a TRADIÇÃO DE ECO-DIVERSIDADE, sem falar, naturalmente, numa outra grande tradição, tão ou mais importante do que todas: a TRADIÇÃO DE IGUALDADE, a TRADIÇÃO DE IGUALITARISMO (Cortez, 1992) que, inegavelmente, remonta também as sociedades indígenas e que precisaria ser resgatada para a chamada modernidade. E, excluindo-se, por razões óbvias, a TRADIÇÃO DE DESIGUALDADE.

A Exposição, porém, trata apenas da DIVERSIDADE CULTURAL INDÍGENA NA AMAZÔNIA, chamando atenção para isso num momeNto em que se fala tanto, mas tão somente, em BIO-DIVERSIDADE na Amazônia, excluindo-se a humana. E, por qualquer razão, parece não haver muito interesse na diversidade cultural, particularmente a indígena. O que é uma pena! Classificada, desde a chegada dos europeus adotando um ponto de vista EUROCÊNTRICO, como sendo HOMOGÊNEA, sempre a MESMA, sem nenhuma DIFERENÇA: diversidade, variedade, dessemelhança, diferente, distinta, garantia de suas singularidades e identidades próprias. Daí, portanto, a razão do tema escolhido, A DIFERENÇA, que é, inclusive, a própria razão de ser da Antroplogia, considerada como a ciência da diferença, a ciência da alteridade cultural. Exibindo parcela da DIVERSIDADE cultural indígena na Amazônia - ainda que restrita ao nível da produção de uma parcela das PEÇAS - sem confundí-la com a DESIGUALDADE, a Exposição está propondo ao público refletir sobre a DIFERENÇA, preservando-se a experiência dessa diversidade, na medida em que se torna necessário contribuir para garantir a existência social dos indígenas, alternativa possível e legítima de existir, porque a diferença é generosa. Ela é contraste e possibilidade de escolha. É alternativa, chance, abertura e projeto no conjunto que a humanidade possui de escolhas de existência (Rocha, 1986:76). Privilegiando a DIFERENÇA, mas sem conter a DESIGUALDADE, vemos nela um dado possitivo, procurando a semelhança entre os homens em lugar insuspeito...: na própria diferença...percebendo-se que aquilo que de mais semelhante existe entre os homens é exatamente a diferença (Rodrigues, 1989:23). Assim, dizer, a semelhança que nos separa ou a diferença que nos une não constitui paradoxo algum no terreno do humano. Pelo menos enquanto os homens forem humanos (Ibid.) e sem conter a DESIGUALDADE.

Na medida em que os povos indígenas permanecem sob a ameaça de extinção por um processo CIVILIZATÓRIO que se recussa a aprender a diferenciar o DESIGUAL do DIFERENTE, olhando-os e tratando-os como se fossem O MESMO - não sabendo respeitar, conviver e tolerar a DIFERENÇA, transformando o DIFERENTE num DESIGUAL, mas sabendo idolatrar e preservar a DESIGUALDADE, transformando o DESIGUAL num DIFERENTE - torna-se importante apresentar a diversidade ainda existente entre os remanescentes dos povos indígenas, diversidade inclusive presente a quando da chegada dos europeus na época do colonialismo, da qual, lamentavelmente, muita foi perdida de maneira compulsória. Consciente, porém, de que as diferenças não são intrasformáveis.

A grande lição que os povos indígenas nos dão é que a violência do processo de conquista não aplainou a diversidade cultural e étnica (Ramos, 1988:91). Transfomadas, sejam desfiguradas, descaracterizadas, destribalizadas ou transfiguradas, suas culturas remanescentes permanecem e com elas persiste a IDENTIDADE ÉTNICA, mostrando-nos que a TRADIÇÃO não é uma coisa fossilizada do passado que só pode persistir no isolamento. Muito pelo contrário. Tradição é o conjunto de significados - crenças, valores, saberes - que um povo construiu e vai transformando de geração a geração (Ibid.), compulsoriamente ou não. E oxalá essa transformação fosse sempre dirigida para eliminar a DESIGUALDADE porventura existente, mas preservando a DIFERENÇA.

Ainda é tempo, embora tanto tenha se perdido, porque sempre é tempo para preservar a vida, na REDESCOBERTA de um novo mundo que o velho não soube DESCOBRIR, de PRESERVAR a diversidade. PRESERVANDO-A, aí sim, poderemos sentir o melhor do passado, realizar o presente e acariciar o futuro, DESENVOLVENDO-A. Talvez não mais todo o melhor do passado - oxalá ainda fosse possível - num projeto de ETNODESENVOLVIMENTO capaz de superar o grande desafio da Amazônia: o dilema de TRANSFORMAR a realidade eliminando DESIGUALDADES, mas PRESERVANDO DIFERENÇAS. A superação como ruptura e continuidade (Cortez, 1992).

A Exposição consta da exibição de peças etnográficas as mais diversas, do acervo cinetífico da Reserva Técnica Curt Nimuendaju, do DCH - Departamento de Ciências Humanas, do MPEG - Museu Paraense Emílio Goeldi, coletadas desde 1901 até o ano de 1991, totalizando mais de 200 artefatos culturais de diversas sociedades indígenas, selecionadas de modo a dar uma visão da diversidade cultural indígena na Amazônia em função da disponibilidade do acervo científico da noosa Reserva Técnica. São cerâmicas, trançados, armas, adornos plumários, cordões e tecidos, instrumentos musicais e de sinalização, adornos de materiais ecléticos, indumentária e toucador, utensílios e implementos de madeira e outros materiais, objetos rituais, mágicos e lúdicos.

A DIFERENÇA

(Roberto Cortez)

no começo...antes do começo...

no começo...do começo...

no começo...

.................................................

antes o mundo não existia...

.................................................

No princípio...A DIFERENÇA

Diversidade na Natureza...Diversidade na cultura...

bio-diversidade...diversidade cultural...eco-diversidade...

Tudo era diferente...E o diferente era tudo...até o mesmo era diferente...o igual...o idêntico...era o tempo da DIFERENÇA...

A diversidade AMAZÔNICA...florestas...savanas...florestas de terra firme...igapós...campos e cerrados...florestas de várzea...semi-úmidas...lavrados...

A mais antiga, rica, bela, generosa e marcante característica amazônica é a enorme DIVERSIDADE. Intensa e permanente diversidade em todos os níveis e formas de manifestação da vida. Mas, infelizmente, por qualquer razão, a enorme diversidade amazônica costuma ser, enfaticamente, acentuada apenas com relação à TRADIÇÃO DE BIO-DIVERSIDADE, ignorando-se a TRADIÇÃO DE DIVERSIDADE CULTURAL e a TRADIÇÃO DE ECO-DIVERSIDADE. Talvez por temor à DIFERENÇA...

Desde os primeiros momentos da presença das culturas indígenas, a DESSEMELHANÇA é o que de mais SEMELHANTE essas sociedades sempre exibiram. E, na AMAZÔNIA, apesar do processo de uniformização cultural produzido pela conquista colonial européia, destruindo em grande parte, a diversidade, ainda assim é possível encontrá-la, parcialmente, com toda sua força, riqueza, singularidade e identidade.

DIFERENTES no passado, ainda DIFERENTES no presente -- embora não exclusivamente diferentes -- precisam, se assim o desejam, podem e querem, ser DIFERENTES no futuro, como garantia de uma existência com identidade e não como uma coisa só.

A DIFERENÇA...

O outro...

O eu e o outro...o outro que não ele mesmo...que não o idêntico...

O diferente...o reconhecimento do ser do outro...a abertura naquilo que ele é...

Diversidade...conteúdo da IDENTIDADE...o diverso...o múltiplo...o diferente...

A multiplicidade indígena...bio-diversidade...diversidade cultural...eco-diversidade...

Contraposição de diferentes...o igual e o diferente...o reconhecimento do igual através do diferente...

A DIFERENÇA e a igualdade...IGUALITARISMO...singularidade...até o igualitarismo era diferente...não era total, mas ERA!...ainda É!...sERÁ!...

Não há duas sociedades indígenas idênticas: tentar caracterizar em bloco as sociedades indígenas no continente sul-americano, mesmo excluindo os Andes, é correr o risco da generalizar sobre uma realidade que, apesar de tudo, ainda é altamente diversificada. Não há duas sociedades indígenas iguais. Mesmo quando ocupam zonas ecológicas semelhantes, elas mantém sua individualidade, tanto no plano das relações sociais como no simbólico (Ramos, 1988:11).

A DIVERSIDADE CULTUAL dos povos indígenas é enorme. São muitos povos diferentes de todos nós e diferentes entre si. Mas, naturalmente, há muitos denominadores em comum, principalmente quando comparados com nossas sociedades, garantindo a unidade na diversidade, diferenciando-os das sociedades ocidentais, de modo que cada sociedade cria uma cultura, tanto quanto cada cultura repousa numa sociedade: as culturas concretas podem ser resumidas em alguns grupos vastos, as civilizações. Nesse sentido elas resumem o que seria comum a um certo número de culturas(Munanga, 1986:58).

DIVERSIDADE BIOLÓGICA: uns são baixos, outros de estatura mediana, muitos corpulentos, alguns altos; uns bem mais claros, outros mais escuros (Melatti, 1980:31).

DIVERSIDADE LINGUÍSTICA: falam diferentes línguas distintas das nossas. No Brasil, hoje em dia, seriam umas 150 línguas indígenas e, há 500 anos atrás, na época da chegada dos primeiros europeus, provavelmente fossem o dobro (Rodrigues, 1986:19), por causa do desaparecimento das nações que as falavam, em função do extermínio, caça a escravos, epidemias contagiosas importadas, redução dos territórios, assimilação forçada ou induzida. Naquele tempo, talvez fossem uns cinco milhões de índios, ou até mais, no território que é o Brasil atualmente, sendo a Amazônia muito densamente povoada com cerca de três milhões de pessoas. Hoje em dia, estão reduzidos a cerca de 230.000, sendo 100.000 na Amazônia.

DIVERSIDADE DE COSTUMES: usos e costumes próprios.

Tão antiga, generosa, bela, rica e marcante quanto à diversidade cultural indígena é a TRADIÇÃO DE IGUALITARISMO AMAZÔNICO apresentaa por essas sociedades, a qual precisa ser recuperada para a perspectiva histórica -- sem esquecer a bem provável estrutrura de economia igualitária e comunitária dos MOCAMBOS, cujos remanescentes persistem -- conservando-se essa TRADIÇÃO VIVA como qualidade essencial a ser elevada a outro nível histórico, em toda sua diversidade e ttanto quanto a própria diversidade, resgatando-se a grande TRADIÇÃO de acentuado IGUALITARISMO das sociedades indígenas igualitárias, baseadas na posse coletiva do território, no acesso e distribuição igualitária dos recursos, na reciprocidade.

A DIFERENÇA...e a DESIGUALDADE...

o diferente...e o desigual...

A DIFERENÇA transformando-se em DESIGUALDADE...o desigual e o diferente como se fossem o MESMO...o diferente torna-se o desigual...

e o desigual torna-se o diferente...

A DESIGUALDADE é diferente da DIFERENÇA... a DESIGUALDADE é uma diferença diferente da DIFERENÇA...

Mas, a característica mais injusta e gritante na AMAZÔNIA é a enorme DESIGUALDADE. Antiga, frequente e intensa DESIGUALDADE em todos os níveis. Desde o início, por exemplo, a Amazônia tem sido vítima de uma ordem econômica internacional impondo-lhe a condição de sua vocação para a exploração de produtos primários para o exterior. Bastaria lembrar o chamado ciclo das Drogas do Sertão, desde o começo de nossa inserção como COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO no sistema colonial, atrelando a região como um apêndice de apropriação de riquezas e exploração de mão de obra barata, inclusive escravizando índios e negros, determinando, em útima instância, o destino da economia amazônica voltado para fora. No passado, portanto, foram as drogas do sertão, passando pela exploração da borracha nativa, até chegar nas modernas economias capitalistas de enclave da exploração mineral para o mercado internacional, gerando roda sorte de DESIGUALDADES SOCIAIS.

Retorno da DIFERENÇA...

O eterno retorno da DIFERENÇA...

O eu e o outro...a abertura para o outro naquilo que ele é...o retorno do outro que não o idêntico...tudo novamente diferente...

Retorna a DIFERENÇA seletiva...a DIFERENÇA enquanto DIFERENÇA...mas não a diferença desigual...

Não é o mesmo...o semelhante...o idêntico...que faz retornar...

O retorno da DIFERENÇA...a IDENTIDADE é o revir...

PEÇAS

Roberto Cortez

Suzana Santos

Ruth Cortez

Graça Santana

1. OBJETOS RITUAIS, MÁGICOS E LÚDICOS

1.1 MÁSCARAS:

MÁSCARAS ESTEIRAS: confeccionadas em palha de burití, com pinturas de cera de abelha, suporte de madeira envolvido por palha. Denominadas capote, usadas peloa palhaços, no ritual de iniciação dos rapazes. Confecção masculina. Índios CANELA (Ramkokamétra), Barra do Corda- Maranhão, 1933, 1961 e 1964.

MÁSCARAS DE PALHA: confeccionadas em plha de burití, decoradas com fios vermelhos de algodão em forma de franja, miçangas e penas. Confecção e uso masculino. Índios KAIAPÓ (Rio Fresco/Pará, 1987).

MÁSCARAS ANTROPOMORFAS TUKÚNA: confeccionadas, em forma de cabeça, numa armação de tala de arumã revestida de entrecascas de árvores com a cara encoberta de cera de abelha. Usadas nas festas de iniciação feminina. Índios TUKÚNA (Rio Solimões/Amazonas, s/d, 1962 e 1966).

MÁSCARAS ANTROPOMORFAS TUKÚNA: confeccionadas em madeira talhada e vestimenta de líber, com franjas de envira decoradas com desenhos marrons, pretos e avermelhados, representando cada uma a lontra, a garça e a borboleta. Usadas nas festas de iniciação feminina. Índios TUKÚNA (Rio Solimões/Amazonas, 1962).

MÁSCARAS ANTROPOMORFAS RIO NEGRO: confeccinadas por uma peça inteiriça de líber pintada cobrindo a cabeça e o tronco, com mangas soltas enfiadas no lugar dos braços terminadas em franjas, tendo o aro inferior da indumentária também franjada. Índios KOBÉWA (Rio Caiarí, 1905).

2. ARMAS

BORDUNAS LOSANGULARES PRISMÁTICAS: confeccionadas de Pau darco. com empunhadura ornamentada por trançado de palha de burití e cinto de separação ornado com fio de algodão (Índios KAYAPÓ, Rio Fresco/Pará, 1962) OU de madeira escura decorada, em sua metade posterior, com desenhos geométricos em talas de burití, nas cores preta e amarelo claro, e cinto de separação ornado com fios de algodão. Índios KAYAPÓ, Pará. s/d.

BORDUNA CUNEIFORME ESPATULAR: confeccionadas de madeira dura (paxiuba), com segmentos de fios de algodão tingido na empunhadura, pintado com cera de abelha e decorado com espinho de guandu, tendo uma das extremidades penas vermelhas de arara e verdes de papagaio. Índios PAKAANÓVA (Rio Mamoré/Rondônia, 1971).

BORDUNA CIRCULAR ESTRIADA: confeccionada em madeira , toda estriada horizontalmente. Índios KAYAPÓ (Rio Araguaia, 1902).

BORDUNA CÔNCAVO-CONVEXA ESPATULADA: Índios KAYAPÓ (Rio Xingú, 1963).

BORDUNA ACHATADA: confeccionada em madeira toda entalhada, decorada com desenhos geométricos na cor preta. Índios EWAROYANA (Rio Paru de Oeste/Pará, 1972).

BORDUNAS CIRCULARES LISAS: Índios KAYAPÓ (Rio Iriri/Pará, 1960); Índios KAMAYURÁ (Rio Xingú, 1966).

BORDUNA ESPATULAR: confeccinada de madeira clara, com entalhes em forma cerrilhada dupla com a ponta fina. Índios KAXUYANA (Rio Paru de Oeste/Pará, 1972).

CLAVAS CÔNCAVAS-CONVEXAS AMPULETADAS: confeccionadas em madeira talhada com desenhos em incisões, tendo talas de burití cobrindo parte da empunhadura, juntos pingentes de penas de arara amarrados com fios de caruá (Índios TIRIYÓ, Rio Paru de Oeste/Pará, 1960) OU em madeira talhada com desenhos em incisões (Índios TIRIYÓ, Rio Paru de Oeste/Pará, 1960).

3. INTRUMENTOS MUSICAIS E DE SINALIZAÇÃO

3.1 TAMBORES:

TAMBOR DE FENDA (TROCANO): escavado num único tronco compacto de árvore, tornando-o oco, com uma fenda longitudinal tendo em suas extremidades aberturas geométricas; acompanhado de duas baquetas para percursão e quatro suportes de madeira para sustentá-lo. Índios KULINA (Rio Juruá, 1907).

TAMBOR DE CARAPAÇA: carapaça de Tracajá pressa a um bastão de madeira, percutido por outro do mesmo material. Índios TUKUNA (Rio Solimões/Amazonas, 1941).

3.2 TROMPETES:

TROMPETES TRANVERSAIS DE CABAÇA: confeccionados de cabeças em cabos de taboca, com orifícios, revestidos por trançados de talas de arumã e três enrolamentos de fios e borlas de algodão. Confecção e uso masculino. Índios Gavião (Rio Tocantins/Pará, 1963 e 1970).

3.3 FLAUTAS:

FLAUTA RETA SEM AERODUTO: confeccinada de taboca, contendo em seu interior um vibrador de taboquinha. Usada pelos homens na festa do Turé. Índios GALIBÍ (Rio Uaça-Oiapoque/Amapá, 1964).

FLAUTA RETA DE OSSO: confeccionada do fêmur de mamífero, com três orifícios abertos a fogo para variação dos sons. Tocado pelos homens. Índios TIRIYÓ (Rio Paru de Oeste/Pará, 1971).

FLAUTA RETA DE PÃ: confeccionada com cinco tubos de taquara, parcialmente revestidos com fios de algodão, amarrados com fios e cordumes do mesmo material terminados em borlas. Confecção e uso masculino. Índios Gavião (Rio Tocantins, Tucuruí/Pará, 1961).

3.4 CHOCALHOS:

CHOCALHOS GLOBULARES: confeccionados das frutas da cabaceiras (cabaças) com cabos de taquara (Índios TIRIYÓ, Paru de Oeste/Pará, 1960) OU cana de ubá (Índios Gavião, Rio Tocantins/Pará, 1963) contendo pedrinhas e sementes para sonorização, ornados de fios de algodão.

CHOCALHOS TUBULARES: confeccionados totalmente em trançado de palha de arumã (Índios TIRIYÓ, Rio Paru de Oeste/Pará, 1965) OU em trançado de palha de arumã num cabo de cana de ubá (Índios YAUAPERY, Rio Negro/Amazonas, 1909) OU tubo oco de itaboca revestido por trançado de palha de arumã, contendo em seu interior elementos sonoros, popularmente conhecido como Pau de chuva (ARIAN) ou XUMUCUÍ. Índios YAUAPERY (Rio Negro/Amazonas, 1909).

CHOCALHO GLOBULAR COM VARETA: confeccionado com o fruto da cuieira na ponta de uma vara maciça de madeira leve servindo também para marcar o ritmo, pintado de preto com tinta de cumatê e decorado com desenhos geométricos em incisão, tendo nas extemidades do chocalho bolas de algodão e penas amarelas de Japiim. Usado na festividade do Turé. Índios PALIKUR (Rio Urucauá, Oiapoque/Amapá, 1964).

3.5 BASTÕES DE RITMO:

BASTÕES MACIÇOS DE RITMO: confeccionados em forma de vara maciça de madeira leve, com ornatos escultórios (Lontra e Guariba: Arara; Gaiovotas), percurtido verticalmente contra o solo. Índios TUKUNA (Rio Solimões/Amazonas, 1941).

4. ADORNOS PLUMÁRIOS:

Coroas Verticais ou Radiais, Diademas Horizontais ou Verticais, Aros Emplumados, Capacetes, Tiaras Emplumadas, Toucados, Brincos Emplumados, Colares Emplumados, Coifas, Faixas Frontais, Enfeites de Braço, Enfeites de Cinto, trançados em tecido de algodão armados em talas de burití ou de arumã, adornados com penas azuis, vermelhas e amarelas de Araras, brancas de Garças, amarelas e verdes de Papagaio, penas pretas de Mutum, de Gavião ou Pato Selvagem, plumas amarelas e vermelhas de Tucano, etc.

4.1 CAPACETE: confeccionado com uma armação rígida de arumã, envolvida por penas pretas de pato selvagem, amarela de japú, branca de garça, vermelhas e azuis de araras, arrematada nas bordas com uma tira vermelha de tecido industrializado e palha de inajá.

4.2 TOUCADO: confeccionado com um trançado de tecido de algodão, onde estão presas penas caudais vermelhas e azuis de arara em posição radial, tendo nas pontas penas brancas de garça presas com fios de algodão. Confecção e uso masculino. Índios KAYAPÓ.

4.3 COROA VERTICAL: confeccionada numa armação de tala de burití, onde estão presas, com enrolamento de fios de algodão, penas azuis e vermelhas de araras, plumas amarelas e vermelhas de tucano. Índios MUNDURUCÚ (Rio Cururu/Pará, 1974).

4.4 DIADEMAS:

DIADEMA HORIZONTAL: confeccionado numa armação de tecido de algodão, em torno da qual são presas fieiras de penas vermelhas de arara, verdes de papagaio e pretas de mutum, tendo nas extremidades do tecido bicos e penugens de pássaros. Usados por homens em rituais. Índios URUBU - KAAPÓR (Rio Gurupí/Maranhão, 1943).

DIADEMA VERTICAL ROTIFORME: confeccionado com uma armação rígida de tala de burití e fios trançados de algodão, em torno da qual estão presas penas verdes de papagaio, e vermelhas de arara no centro. Confecção e uso masculino. Índios KAYAPÓ (Rio Fresco/Pará, 1977).

DIADEMA VERTICAL: confeccionado com cordel trançado de fio de algodão, em torno do qual são presas fieiras de penas de papagaio e rei-congo, tendo no centro e nas extremidades penas de arara. Confecção e uso masculino. Índios XICRIN, 1960.


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