49 Congreso Internacional del Americanistas (ICA)

Quito Ecuador

7-11 julio 1997

 

Maria Helena Ochi Flexor

49º ICA - CONGRESSO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS

Simpósio Urb 3: Questões Urbanas: História e políticas públicas

Local: Quito (Equador) de 7 a 11 de julho de 1997

Tema: J.J. Seabra e a reforma urbana de Salvador (Bahia-Brasil)

Autora: Maria Helena Ochi Flexor

A maior parte dos testemunhos, até os finais do século XIX, foi unânime em afirmar que a cidade de Salvador era suja. Além de suja, suas ruas eram mal calçadas e mal alinhadas. Os regulamentos da municipalidade, nesse campo, eram pouco respeitados. Em consequência dessa sujeira, a insalubridade passou a ser vista como uma das causas das pestes que atacavam ciclicamente a Bahia.

O imaginário popular, tradicional e excessivamente religioso, tomava a ocorrência de tantas doenças, especialmente as epidemias, como castigo divino , a exemplo da febre amarela do século passado, a qual dizia-se ter como causa do pestilento mal aos pecados dos moradores destas províncias (Pernambuco e Bahia) corruptos de vícios e penas graves, a que os provocava a liberdade e riqueza do Brasil... (PITA, 1976, p. 196).

Para esse povo, segundo Afrânio Peixoto, só a varíola ou as bexigas eram vistas como pestes. Mas todas são pestes , dizia ele, varíola, febre amarela, cólera, peste oriental. Foi a lepra, agora, se não tivéssemos tento, seria a malária . A bicha , como esta era conhecida, desde muito cedo assombrou a cidade. Aquela, entretanto, de que mais memória teriam os baianos foi a dos meados do século passado. A cólera, parece ter aparecido no arrabalde do Rio Vermelho, sendo a Bahia, depois do Pará, das primeiras vítimas. A partir de 1855 começaram a crescer os óbitos, recolhendo cadáveres para o cemitério uma fúnebre carruagem humoristicamente chamada Patusca. O cemitério da Quinta dos Lázaros foi, então, aberto ao público, até ali reservado aos leprosos, cessando o enterramento nas igrejas. Fizeram-se obras e cerca de trinta irmandades edificaram carneiros (columbarium) para irmãos (PEIXOTO, 1949, p. 212-213) como uma das primeiras medidas de saneamento da cidade. Só o século XIX trouxe as inoculações que preveniriam as pestes. No século XX a Bahia é atingida pela peste propriamente dita, a oriental,... Alarmante, porém de relativa parcimônia , nas vitimas, graças à defesa sanitária , dizia Afrânio Peixoto (PEIXOTO, 1946, p. 215). E as outras foram sendo dominadas por ser a Bahia, desde 1866, um dos principais centros de estudos de medicina tropical. O sanitarismo veio preencher uma lacuna de séculos, desde que, até então, se achava que as moléstias se dariam pelo ar, pelos vapores.

Iniciado o século XX, Salvador, ainda, mantinha essas características e a estrutura colonial, mostrando as ruas estreitas, impedindo a livre circulação do ar e a penetração da luz, que contribuiriam para a disseminação dos miasmas (esses perigosos agentes difusores das doenças, segundo alguns dos especialistas do período); a carência de moradias provocando a proliferação de cortiços e outros tipos de habitações populares insalubres; a inexistência de um serviço de abastecimento de água e captação de esgotos eficientes e extensivos a todo o perímetro urbano (LEITE, 1996, p. 10; VILHENA, 1969, p. 154) 1 .

Nesse período, as idéias haussmannianas e as de progresso - que tinham no catecismo positivista seu espelho - atingiram a Bahia e seu Governador J. J. Seabra, que alargou ruas e derrubou monumentos. Tentava o governante mudar a imagem da cidade. Todo o discurso era ideológico e visava, além de convencer a população sobre a necessidade de mudança de imagens reais, também transformar as imagens ficcionistas e científicas, principalmente aquelas que foram alvo das teses da Faculdade de Medicina que tinha como foco o higienismo. O higienismo dirigia sobretudo o pensamento da intelectualidade e estava ligado ao conceito de ordem, noções consubstanciadas naquela de civilidade 2 .

O discurso civilizatório oficial criou um novo vocabulário: modernização, higienismo, normatização, moralização de costumes, combatendo os péssimos hábitos da população aos quais se associavam as idéias de pobreza, insalubridade, promiscuidade, imoralidade, subversão. No sentido de moralizar a sociedade procurava-se, inclusive, coibir a mendicância, os cultos místicos (sincréticos) ou religiosos, que não fossem os católicos e as festas populares (VENTURA, 1991, p. 55) e mesmo a presença de negros.

Desde o Império já se iniciariam as melhorias dos equipamentos urbanos, como os meios de transporte - e outras como cinema, telefone, eletricidade e o automóvel -, construções de asilos de mendicância, psiquiátrico, casas correcionais, escolas profissionalizantes para a infância desvalida, instrução pública, cemitérios. Cuidava-se já de civilizar a Bahia o que permitiu o aparecimento de inúmeras associações culturais, abolicionistas e beneficientes que institucionalizavam a nova ideologia.

De longa data a presença dos estrangeiros fertilizava as mentes para o discurso civilizatório e higienista. Não foram gratuitas as observações constantes nos escritos dos visitantes estrangeiros que muito insistiram na crítica à sujeira da Cidade Baixa, na situação da população, especialmente os negros, nas condições das casas, etc.

A noção de civilização, que então se impunha, estava ligada ao modelo urbano das cidades européias, especialmente Paris, paradigma de urbanização moderna e bem sucedida. A moda de vestir e peças do mobiliário de higiene parisienses (étager, bidet, toillet), companhias teatrais francesas, festas de salões e saraus, cafés, confeitarias, hotéis, o aprendizado do idioma e consumo de produtos franceses invadiram a Bahia do período. Londres e Berlim eram outros modelos.

Certo é que J. J. Seabra, encarnando o poder como Governador, entre 1912 e 1916, incorporou, ele próprio, essa nova ideologia que o colocaria definitivamente na história da Bahia como modernizador da cidade.

José Joaquim Seabra fora partidário de Floriano Peixoto e, por isso, foi desterrado, com outros opositores, para Cucuí, no Alto Amazonas. Depois de anistiado, exilou-se na França, conhecendo a Paris do Barão de Haussmann. De retorno ao Brasil foi eleito deputado e escolhido líder da maioria do governo Campos Sales. Pouco depois foi Ministro da Justiça, no governo Rodrigues Alves, e Ministro da Viação, no governo de Hermes da Fonseca. Portanto, não apenas viveu a experiência parisiense, como também participou diretamente das reformas do Rio de Janeiro, promovida por Pereira Passos. Governou a Bahia uma segunda vez entre 1920-1924.

Aqui é necessário perguntar em que medida o governador e os profissionais urbanos - urbanistas, arquitetos, engenheiros, higienistas, sanitaristas, médicos -, encarnando os saberes modernos, e como seres sociais, influenciaram, com seus códigos, na nova imagem e no imaginário urbano. Esses profissionais foram elevados à condição de donos da civilização moderna e reformadores das cidades e, com eles, formava-se uma nova imagem urbana para o que foram decisivos a abertura de grandes vias, a criação de áreas verdes, novas construções, novos ocupantes, como dizem alguns, o emburguesamento da cidade que incluiu, necessariamente, a exclusão dos mais pobres (VAZ, 1992, p. 198). E pragmaticamente falando, seria a intervenção na paisagem física e estética da cidade (a remodelação urbana), a higienização dos espaços, a introdução de tecnologias modernas, a regulamentação e organização da vida urbana, a moralização dos costumes, a aquisição de hábitos cultos, a prestação de assistência pública (LEITE, 1996, p. 43).

A modernização da cidade do Salvador, nos inícios do século XX, não era um fenômeno isolado. O novo regime republicano brasileiro permitiu que os governos regionais buscassem capitais e financiamento estrangeiros, possibilitando a transformação das principais cidades como Belém, Fortaleza, Porto Alegre, São Paulo, e nesta a cidade portuária de Santos, e Rio de Janeiro (1902-1906) que, como capital do Brasil, serviu de modelo às demais. Justamente o período dos fins do século XIX, e princípios do XX, foi o marco da intervenção massiva do Estado no espaço urbano. Isto significava a busca da ordem e do progresso, através do trabalho e harmonia estética, qualificativos de povo civilizado.

Nesse período acontecem a abolição dos escravos e a proclamação da República. A abolição e a República vieram juntas, trazendo valores de viver mais sofisticados e cada vez mais mundanizados, mudou a feição das cidades. Mais urbanizadas e complexas, buscou-se, cada vez mais, resoluções técnicas para moldar-lhes a feição. Novas necessidades foram impostas por outra escala e tipo de vida urbana (MARX, 1989, p. 180).

Mas aqui pode-se questionar: qual a fisionomia que a cidade tomou com a libertação dos escravos? A noção de ordem se desenvolvia justamente quando os escravos foram libertos. Estes ligavam-se, ao contrário, ao conceito de desordem, pois foram largados ao seu próprio destino, a maioria sem moradia e sem ofício. Estavam ligados às ruas e fontes sujas, ao comércio ambulante, às habitações precárias. Terminado o escravismo, tirava-se parte das causas (ou aumentava-se), mas continuavam as questões de insalubridade, abrindo discussões sobre os hábitos da população, especialmente a negra.

Além do mais, Salvador e o Estado, como a República, preparavam-se para receber os contingentes novos de estrangeiros, não só aqueles que vinham individualmente, ligados sobretudo ao comercio ou à tecnologia dos novos equipamentos que se instalavam - bondes, eletricidade, melhorias do porto -, mas, previa-se, também, a imigração em massa 3 que na Bahia não teve êxito.

A tentativa de industrialização, através das fábricas de tecidos, não teve grande desenvolvimento e foi o cacau, a agro-industrial e o comércio que deram um certo equilíbrio econômico a Bahia e que permitiram um contato mercantil maior com a Europa, desenvolvendo aspirações que teriam seus reflexos imediatos na sociedade, como se viu. Apesar disso, foi um período em que o número de habitantes decresceu sensivelmente. Desde há algum tempo, Salvador vinha perdendo o posto de segunda cidade brasileira para São Paulo e de terceira para Recife (SANTOS, 1959, p. 108-109).

Com isso as influências européias eram contínuas, em decorrência do que a cidade, e o próprio cidadão, tornaram-se, então, objeto de intervenção e de criação de uma nova concepção de espaço público, de arquitetura, de hábitos e comportamentos. A regulamentação e a normatização passariam a reger todas as instâncias da vida cotidiana, que estariam na base da nova civilização que se queria criar (PECHMAN, 1992, p. 35).

Mas, a cada passo, a reação popular mostrava o pensamento da comunidade face às novas reformas urbanas. Nada ficava fora da crítica da população. E a critica vinha de ambos os lados. A autoridade criticava a maneira tradicional e atrasada da cidade e a população criticava as novas iniciativas. Criticavam-se não só as obras, e suas contínuas interrupções, quanto as consequências daninhas do progresso e da nova civilização: velocidade dos automóveis, crimes, alcoolismo, jogo, bruxaria, charlatanismo, caftismo.

A obra de Seabra, que reparava parte do mal feito com a Avenida 7 de Setembro , provocado pelo bombardeio de 1912 4 , aproveitava trechos arruados, ligados, consertados, reparos que fizeram o povo irreverente chamá-la avenida meia-sola (PEIXOTO, 1946, p. 294) e a imprensa avenida do governo (DIÁRIO DE NOTICIAS, 13.09.1912, p. 1).

E as críticas dirigiam-se a tudo. As obras foram executadas por empresas particulares, como a Companhia de Melhoramentos da Bahia ou Companhia Empreiteira Lafayette e C., que por falta de verbas ou materiais - visto que o período avizinhava-se da Primeira Guerra Mundial - interrompiam frequentemente seus trabalhos, causando inclusive greves trabalhistas 5 . Sempre foram alvo de críticas. A presença do eterno canteiro de obras na cidade causava contínuo diz-que-diz-que. As obras da Avenida Sete de Setembro se prolongaram de 1912, quando foram abertos os créditos, (DIÁRIO DE NOTICIAS, 26.6.1912, p. 1) até 1915 quando foi inaugurada a 7 de setembro.

O Jornal A Tarde comentava que não há quem não se interesse pelas remodelações, não há quem não acompanhe estudando, criticando, dando uma notaí, as obras que se vão fazendo pelas ruas e praças da capital. Commenta-se o estylo, censura-se o desperdício de material, fala-se da morosidade dos trabalhadores, diz-se que ficará bonito ou que será um aleijãoí e, assim, acompanha-se, cada um com o seu modo de ver, as obras da Avenida da Barra, da Ladeira de S. Bento, do Palácio Rio Branco etc (A TARDE, 04.11.1913).

Porém, o Governador e parcela da população apropriaram-se da ideologia de progresso, tão cara aos ideais republicanos, como símbolo de reformas. O maior testemunho dessa vontade conjunta foi o longo processo que levou à patética derrubada da igreja da Sé primacial do Brasil (1912-1933), exatamente porque havia a sustentação das polêmicas, em torno das demolições e das propostas ditas modernas.

Movidos pela ideologia do progresso, e de civilização, visando abrir espaços para maior salubridade da cidade, buscavam substituir o velho - a Cidade Colonial - pelo novo - a Cidade Moderna. Criou-se, então, o discurso sobre a cidade em que surgiu a dicotomia: tradição versus progresso; feio, sujo, doença contra belo, limpo, saudável; morte versus vida, desordem versus ordem. O espaço público, especialmente a rua, devia ser, pois, a expressão dos padrões de beleza, limpeza e ordem. A rua precisava reunir os atributos e as condições indispensáveis à saúde, à moralidade do corpo físico e social da cidade (PECHMAN, 1992, p. 34).

A população levaria muito tempo para absorver as novas imagens. A sua visualização não mudou rapidamente, apesar do discurso higienista que falava em aglomeração, insalubridade, saneamento, arejamento (PECHMAN, 1992, P. 34), Esboçava-se, no entanto, a custa de muito discurso, uma maneira diversa de visão da cidade e criou-se, muito lentamente, uma nova concepção de urbanidade. Qual o tempo entre o discurso e a criação da nova imagem? Já vimos o caso da demolição da Sé.

A imprensa não dava chances à discussão do não programado, preferindo a cidade formal na retomada do confronto entre atraso e vanguarda. A percepção do atraso fez retomar, também, à antiga ansiedade por reformas aparentemente esquecidas ou abandonadas (SANTOS NETO, 1991, p. 77).

O poder criava a nova imagem e a imprensa condicionava o imaginário como se fosse o imaginário do povo. Para culminar, a luta pelo poder entre as oligarquias baianas, chegou ao clímax, como se viu, com a ordem de bombardeio da cidade, em 1912, que danificou o centro da cidade, inclusive a igreja da Sé, os Palácio do Governo, Intendência Municipal, Teatro São João, a Biblioteca Pública (queimando obras preciosas), etc 6 . Planejava-se uma Bahia Nova sobre o velho lugar, num projeto de urbanismo demolidor .

Nesse período continuava-se um processo de monumentalização de Salvador. Os projetos de remodelação estavam afeitos aos distritos da Sé, Conceição da Praia, Pilar, São Pedro e Vitória. Nestes dois últimos situava-se a Avenida Sete, que foi a principal obra de Seabra.

A opinião pública, segundo Fernando Peres (PERES, 1973, p. 35), se não era favorável ao urbanismo demolidor, pelo menos estava, graças ao trabalho da imprensa, deslumbrada e anestesiada em relação ao mesmo:

Que o alvião demolidor, desrespeitoso e ousado, impenitente, abra no seio da velha cidade a alegria nova de vias amplas, modernas, por onde possa circular livre e fecunda a vida feliz de um, povo forte ou Custe o que custar pela remodelação da cidade unamo-nos todos numa mesma aspiração, num esforço comum ou A Bahia material que guarda ainda todos os característicos de uma cidade colonial de três séculos atraz, vae desapparecer para ceder logar a uma cidade moderna construida sob os preceitos rigorosos do progresso . Ou ainda: Dentro em pouco as viellas serão avenidas, os velhos pardieiros se transformarão em prédios onde a architectura moderna deixará seus traços elegantes e a hygiene com seus preceitos salutares, assegurará a estabilidade de seu estado sanitário (GAZETA DO POVO, 20 e 29.06.1912).

Esse grande momento deu-se no primeiro Governo de Seabra em que trabalharam juntos o Governo Federal - nas obras do porto (1906), já iniciadas há alguns anos antes, e alargamento de ruas da Cidade Baixa e conquista de parte do mar (1910) -, Governo Estadual, depois de acordo com a Intendência Municipal 7 , - abertura da Avenida Sete de Setembro como principal via da Cidade Alta, ligando a praça da Sé ao Farol da Barra e outras avenidas, alargamento de ruas, construção de novos edifícios públicos, reforma de outros, incentivos às construções particulares (figs. 1 e 2) - e Governo Municipal - melhorias do distrito da Sé.

Essa mesma região da Sé, como se viu, foi alvo de grande campanha da imprensa que, formando a opinião pública, tentou criar a imagem da região das mentes baianas. Não só se criticou e mudou a Praça Municipal, ex-Praça de Palácio e seus edifícios, como se iniciou a campanha contra a freguesia da Sé, caracterizando-a como lugar de urinas ou pardieiros e as áreas contidas como ponto de encontro da vadiagem e desordem.

Falando em demolições, assim dizia o Diário de Noticias de 13 de junho de 1912: A freguesia da Sé, que está bem no coração da cidade, deve ser o primeiro. De ruas estreitas sem alinhamentos de beccos immundos, de sobrados escuros, datado dos tempos da colônia, a freguesia da Sé, como ali está, precisa desaparecer . Reação quase nenhuma da elite cultural, mesmo aquela do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (PERES, 1973, p. 39).

A derrubada da Sé mostra que não havia qualquer preocupação com os monumentos tradicionais - como aliás o próprio Haussmann não a teve - e vários monumentos foram destruídos ou mutilados. Foram cortados os Conventos de São Bento 8 (fig. 3) e das Mercês (fig. 4), a igreja do Rosário de João Pereira (fig. 5), e todo o lado de terra da atual avenida Sete de Setembro, a principal obra de Seabra. E foram derrubadas, e mudadas de lugar, a Igreja de São Pedro (velho) (fig. 6), da Ajuda (fig. 7), estação do Plano Inclinado, casas da rua Chile e da Misericórdia (fig. 8), edifícios da Praça Castro Alves, incluindo, posteriormente o Teatro São João 9 (fig. 9).

Os elementos que faziam da cidade um lugar atrasado, feio, sujo deviam desaparecer para dar lugar ao novo: avenidas e ruas largas, arejadas, calçadas, arborizadas... com habitantes brancos, vários parques e praças, espaços de passeio e lazer para os baianos. Tudo com base científica. E, para que isso tivesse lugar, o positivismo (e mesmo a maçonaria) levava ainda à solicitação da demolição de trinta igrejas. Ou todas 10 .

E cantava o poeta Lulu Parola (Aloísio de Carvalho):

Si é preciso ao Progresso - vá que seja!

Eu penso até que derrubar egreja,

Sendo p'ra embelezar - nunca faz mal (JORNAL DE NOTICIAS, 15.04.1912).

A Igreja de São Pedro, por exemplo, daria lugar a um dos símbolos do progresso capitalista, o relógio inglês, que passou a ter a designação do Santo, e que marcaria a hora do trabalho, mas também do lazer, dos encontros partidários e dos estudantes de direito e da politécnica seus vizinhos.

A partir do inicio das obras, as duas décadas de discussões que se seguiram tiveram como consequência cristalizar posições extremadas a favor ou contra as reformas. Uma dessas consequências, como já se referiu, foi a derrubada da Sé. No dia 7 de agosto de 1933, laconicamente, o Jornal A Tarde anunciava a derrubada da Igreja da Sé. Não se sabe se houve comoção popular com o fato, já que, durante esses vinte anos a imprensa carreara a opinião publica para as idéias de progresso implícitas na visualização da instalação de novos meios de transporte e saneamento da cidade.

Segundo Fernando Peres, tal programa destruidor requeria o apoio dos políticos, de toda a imprensa baiana e dos intelectuais orgânicos de então, pois havia a premência de levantar recursos - empréstimos externos - e de elaborar uma campanha, através dos principais jornais da cidade, sem exceção que justificasse, perante o público, a demolição de centenas de casas e de vários templos religiosos. Nesse quadro, muita gente comprometeu-se com o ideário demolidor emprestando a sua caneta e a sua inteligência (PERES, 1973, p. 43-45).

É interessante a enquete realizada pelo Jornal de Notícias, entre 18 e 25 de junho de 1912, depois de intensa campanha. Perguntava-se : De que é que mais precisa a cidade?. As respostas devia ser dadas através de cupom destacável. Estas mostram o quanto a imprensa tinha condicionado o pensamento popular cujos pareceres mais frequentes já apoiavam a ideologia de progresso com base no urbanismo demolidor 11 .

E a opinião pública trazia mais um sentimento, o de branqueamento da sociedade, extremismo a que foi levado o conceito de moralização e civilização da sociedade 12 .

Alguns apregoavam o melhoramento da raça brasileira pelo branqueamento progressivo, visto que a presença do negro e do índio tornava os brasileiros um povo de qualidade inferior, quanto comparado aos europeus (LEITE, 1996, p. 12).

Essa consulta feita pela imprensa foi condicionada, diferente de uma consulta espontânea, visto que a ideologia do progresso buscou, invariavelmente como principal alvo as camadas populares e seu modo de vida, visto como retrógrado, tradicional, atrasado e pouco civilizado. Porém, a qualquer nível, o discurso era o mesmo daquele do Rio de Janeiro: era preciso reformar a cidade (PECHMAN, 1992, p. 37).

Conhecer ou não urbanismo e compreender efetivamente o seu significado, talvez, não fosse o mais relevante, falando dos jornais e da pequena população que lia jornal. Interessava mais alimentar os debates em torno de palavras atraentes ao leitor: progresso, moderno, novo, velocidade, máquina, eficiência e outras desse gênero.

Até 1930 os jornais veicularam a opinião pública, permitindo cartas para debates. A partir daí a influencia acadêmica, reforçada pelo aparecimento da Faculdade de Filosofia, em substituição ao antigo foco intelectual baiano, de longa data dirigido pela Faculdade de Medicina e depois a Politécnica, davam a nova direção a esses jornais.

Terminadas as reformas as queixas não cessaram, pois não se cuidou dos serviços de infra-estrutura: saneamento básico, distribuição de água potável, iluminação, coleta de lixo. Embora, desde o primeiro Governo de Seabra, e mesmo anteriormente, através das teses da Faculdade de Medicina, se teorizasse acerca do saneamento da cidade, seguindo os processos ingleses, e imitando o modelo carioca, ainda em 1923, a cidade do Salvador não conseguira ser saneada, segundo Teodoro Sampaio, creditando as tentativas frustadas à má orientação dos políticos responsáveis (SAMPAIO, 1923, p. 331). O próprio Teodoro Sampaio apresentara projeto de saneamento que só foi realizado em parte.

Desde o início já cantava Lulu Parola:

Reforma de costumes... É, de certo,

Muito mais necessaria que a das ruas...

Em avenidas, fica tudo aberto,

Quando, ó Progresso, em tudo o mais jejuas (JORNAL DE NOTÍCIAS, 21.04.1912).

Foi no clima de discussões sobre a derrubada e, finalmente a demolição real, da Sé de Salvador, que se realizou, dois anos depois, em 1935, a Semana de Urbanismo, promovida pela Sociedade Amigos de Alberto Torres e da Comissão do Plano da Cidade do Salvador, visando mostrar ao povo da Bahia o caminho a seguir, a fim de torná-la uma cidade modelo. Os resultados não foram os esperados pela Comissão organizadora, porque, segundo o depoimento do Dr. Heitor Froes, um dos conferencistas, ao contrário da propaganda progressista, o evento passou ao largo do interesse e da curiosidade dos habitantes de Salvador.

O mesmo Dr. Froes lembrava-se que a Semana não aconteceu como resultado de pressões da imprensa, de associações de grupos ou instituições profissionais, e sim como um fato isolado. A sua participação, inclusive, se deu por indicação do Rotary Club, sem que tivesse demonstrado interesse pessoal pelo evento,

Os intelectuais da época dividiam-se entre o grupo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, do qual fazia parte o Dr. Gama e Abreu - também conferencista da Semana - que, como membro assíduo, forjou fama de extremado polêmico, e, contrapondo-se a este, a Ala das Letras e das Artes - ALA -, vista como o grupo de artistas , isto é, com o estigma que lhes reservava a Província na sociedade soteropolitana de então. A ALA foi fundada na Escola de Belas Artes da qual fazia parte o Curso de Arquitetura.

Pelo que consta, faltou unidade ao conjunto das conferências, o que faz supor que a escolha foi livre e os modelos não tinham vínculo entre si. Entretanto, houve, ainda, semelhança na ênfase do cientificismo, no combate sistemático à cidade existente, na crítica às condições de higiene e de transporte e na necessidade da ocupação de novas áreas.

Segundo Isaias de Carvalho Santos Neto, os tópicos mais interessantes das conferências retratavam, ainda, a ideologia seabrista:

- a presença de tom conservador nas comparações entre a cidade de ruas estreitas e a falta de cultura das pessoas, o tom autoritário, que classificou os planejadores como pessoas que sabem e que lidam com as pessoas que não sabem;

- a crítica veemente à herança cultural portuguesa em expressões como casario desconcertante e sem estilo, ou ainda, imprevidência dos nossos antepassados , e cidades tortas... sobre trilhas de caboclos ;

- os termos velho, tradicional e antigo foram tratados como sinônimo de relíquias ou de culto ao passado; de outro lado, os termos progresso, novo e moderno foram considerados sinônimos de eficiência, conforto, autoridade e lei;

- referências constantes ao poder do Estado, como nova forma de organização espacial que assegurasse a modernização da cidade; apelos constantes ao civismo e patriotismo, como meio de garantir o planejamento urbano atrelado ao processo educativo; a idéia de cidade moderna como reflexo de povo educado e posto em segurança, sob vigilante ordem, comandada por pessoas inteligentes (SANTOS NETO, 1991, p. 44-45).

As únicas noções da Semana que destoavam do discurso seabrista eram civismo e patriotismo que vinham da reação nacionalista que iniciou seu processo com as comemorações do Centenário da Independência do Brasil, de 1922, e que, na Bahia, resultaria numa devoção ao regionalismo que não tomava mais a Europa como exemplo a ser seguido, mas a América Latina 13 .

Apesar de todos os esforços do governo e da imprensa em modificar o espaço urbano como um todo, não só fisicamente, teve resultados parciais e, na visão de muitos, sem grandes frutos. J.V., na nota inicial ao trabalho de Antônio Viana, dizia que com as ruas estreitas, tortuosas e sujas, suas procissões quase semanais, suas festas populares entusiasticamente vividas, suas danças familiares, balões e fogos de São João, presépios de Natal, ternos de Reis, devoções, trezenas, arraiais, pinhões, namoros de janela e de gargarejo, e escândalos sociais por falta de sofisticação, era a Bahia dos primeiros vinte e cinco anos do século corrente uma cidade consideravelmente diversa da organização urbana e do povo de hoje (1950). Muito se sacrificou da alma genuína da terra, em troca de um progresso cujas virtudes, evidentes noutros lugares, ainda não atingiram, entre nós, aquele grau de perfeição que as torna desejáveis (VIANA, 1950).

NOTAS

1. As ruas setecentistas eram estreitas e não tinham grande perspectiva, ao contrário, deslocavam o eixo ou a quebraram, evitando a perspectiva ao infinito. Basta verificar a distribuição das ruas perpendiculares ao Terreiro de Jesus que se percebe que são absolutamente assimétricas, perfeitamente adequáveis ao imaginário barroco. As ruas ascendentes/descendentes, também, não eram retas, mas estabelecem ligeira curva, evitando-se o comprimento desmesurado e fatigante de grandes artérias, impedindo o vento de agitar o solo e levantar a poeira (MARTIN, 1992, p. 187).

2. Em 1914 Seabra dava conta das "Novas construcções - a Avenida Sete de Setembro, o Instituto de Hygienne, a Imprensa Official, o primeiro quartel da villa Policial do Estado, a parte central e segunda ala do palacio da residencia do Governador da Bahia, a Garage do antigo Passeio Público, a entrada do departamento do quartel de Cavallaria, o Museu-Escola, o Pavilhão de Ondina, o pavilhão Kroepelin, o pavilhão de Tuberculose, estes dois a casa de residencia do diretor, no hospício S. João de Deus, as fachadas do Rosario, da Capella e do Convento das mercês, o palacio do Congresso, este, ainda, em alicerces. Adaptações - O palacio do Governo, à praça Rio Branco, os muros e a installação das gradarias da rua da Victoria, o novo Hospital de Mont'Serrat, as quatro enfermarias novas do Asylo S. João de Deus, o Parque e obras de saneamento deste Hospício. Reparações - na Penitenciaria do Estado, no Quartel dos Affictos, na Directoria das Rendas, no Instituto Nina Rodrigues e no Desinfectorio Central, além de pequenos concertos"... SEABRA, 1914, p. 72-73 .

3. Não é atoa que o governador Joaquim Manuel Rodrigues Lima ordenou ao diretor do Arquivo Publico, Francisco Vicente Vianna, elaborasse, no início da década de 1890, uma Memória do Estado da Bahia, em principio para figurar na Exposição de Chicago. Viana dá notícias de várias cidades, vilas, salientando se tinham, ou não, condições de receber imigrantes. VIANNA, 1893, p. 419-560.

4. Segundo Leite, uma razão prática para a remodelação de Salvador encontrava-se no bombardeio da cidade, ocorrido no dia 10 de janeiro de 1912, feito pelo Exército que abriu fogo contra o centro de Salvador, postados nos fortes de São Marcelo e Barbalho. O bombardeio foi motivado pelas disputas internas da polícia baiana, entre situacionistas e oposicionistas (seabristas) pelo controle dos governos municipal e estadual. LEITE, 1996, p. 55.

5. Por falta de pagamento visto que, por falta de artista de profissões elementares", se buscou mão de obra em São Paulo, Rio de Janeiro e na Europa, especialmente Portugal. SEABRA, 1913, p. 45.

6. Usou-se muito o recurso do incêndio espontâneo ou casual para justificar a demolição dos velhos edifícios, como foi o caso do Teatro São João, já um cinematógrafo, que ardeu na noite de 6 de junho de 1923, durante o segundo período de Governo de J.J. Seabra.

7. Através do Intendente Júlio Viveiros Brandão e autorização do Conselho Municipal de maio de 1912.

8. Preconizava-se a demolição do Convento de São Bento que não foi destruído, devido à veemente reação de seu abade. D. Majolo de Caigny, chegando-se a distribuir "volantes" pela cidade com a ajuda das senhoras católicas que editavam uma revista no Convento.

9. A noção de patrimônio só veria, justamente, depois que esses monumentos tinham sido destruídos com a criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

10. E é conhecido em todo o Brasil o grande número de igrejas que tem a Bahia. Diz a tradição, e cantada pelos cancioneiros, de que há uma igreja para cada dia do ano. Na realidade contam-se cerca de uma centena e meia em Salvador.

11. Hygiene nas ruas / Saneamento geral e esthetico / Avenidas / Civilização / Ruas bem calçadas / Ordem e Progresso / Approvo o remodelamento completo de todo o districto da Sé / Bom calçamento / Suppressão das viellas / De um engenheiro Passos / Derrubar o immundo theatro S. João / Melhoramentos na freguesia da Sé, já projectados, desaparecimento da igreja de S. Pedro e de todas as propriedades que ficam à rectaguarda / De um Passos / Ruas largas e illuminadas / Ser bem calçadas em suas principaes ruas / demolição geral e imediata do theatro S. João / Correção das ruas e estradas / Demolição de todas as igrejas em beneficio do aformoseamento visto serem desnecessarios ao verdadeiro christianismo / Demolição do indigno Theatro S. João / Architectura, mas architectura de um novo estylo moderno / De tudo quanto precisa uma cidade moderna / Avenidas e ruas largas/ De persistencia nos melhoramentos actuaes da capital / Ser uma cidade não uma roça / Demolição de 30 egrejas / Uma avenida beira-mar da praça Barão do Triumpho até a Barra / Fazer de cada batina uma farda, de cada igreja uma escola / Avenidas, calçamentos, edifícios / Progresso / Firmeza de pulso e independencia na execução dos melhoramentos projectados / Fazer uma boa praça no largo do Theatro / Melhoramentos materiais/ Demolição urgente do Theatro S. João e asseio / Conquistar as cidades civilizadas / Derrubar a capela do Alto da Mesquita, no Tororó / De transformar-se de vasto cemitério em jovial Cidade / .....

12. Emigração do elemento negro / Expulsão de todos os turcos / Expulsão dos negros / Une campagne pour l'exportation des negres de race / Deportação da raça negra / De emigrar metade dos negros PERES, 1973, p. 43-45.

13. Esse processo já se iniciara na Argentina por 1910 e estava presente em vários outros países latino-americanos. Na Bahia Carlos Chiacchio, que fundaria a ALA, criou a revista Arco e Flexa. No manifesto Arco e Flexa criticava as pesquisas influenciadas pelas inovações européias e chamava a atenção para as características comuns com a América Latina. Opunha a tanga, o arco e a flecha à máscara, o florete e a luva (ALVES, 1978, p. 24, 26). Ao contrário do discurso do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, os artistas, incluindo agora os arquitetos, buscavam as fontes populares como inspiração como motivo para renovação artística. O inimigo português se transformou no criador do passado erudito baiano e o estilo neocolonial começa a ser cultivado, enfatizado pela política de proteção ao patrimônio, desenvolvido pelo IPHAN, graças à ação de Capanema. Falava-se num cultivo da tradição, mas com caráter evolutivo, isto é, não estático, o que justifica, inclusive, a temática baiana desenvolvida pelos primeiros modernistas baianos (FLEXOR, 1994, p.46).

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